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Editorial

A violência contra a mulher parece ganhar força à medida que se criam mecanismos de coíba-la. A sociedade parece distante do dia em que não se terá mais homens subjugando companheiras e as tratando como propriedade.

Os casos são diários. E o enredo parecido. O homem bate, espanca e violenta a mulher moralmente. No dia em que ela resolve ir embora, ele a mata. Não antes de fazer diversas ameaças, em uma tentativa de tê-la de volta, para repetir as agressões.

Também é comum entre os casos mais recentes o fato de a mulher ameaçada denunciar o ex-companheiro na polícia. Infelizmente, nas últimas ocorrências, isso de nada resolveu. O criminoso foi mais rápido que os agentes da lei.

É inegável que o Brasil avançou em termos de medidas protetivas direcionadas às mulheres. A Lei Maria da Penha é um marco, pois evitou mortes e mutilações em diversos cantos desse País, mas o dispositivo de nada adianta quando não é aplicado a tempo.

É de conhecimento público – e uma constatação através das estatísticas da polícia – que a mulher reluta muito em denunciar o companheiro, pois tenta até as últimas consequências salvar o lar e preservar os filhos.

Então quando a denúncia chega às autoridades da segurança, a situação já passou do limite e a ameaça é real – sobretudo porque o agressor, no dia a dia, já deu provas do que é capaz de fazer, o quão violento ele é. O bom senso pede, portanto, que a ação chega imediata.

É muita rasa a justificativa de que já faltam condições para que a polícia coíba o crime ostensivamente, imagine então cuidar daqueles que foram vítimas de ameaças. Mas é inconcebível não tentar fazer nada quando se sabe que a vítima foi ameaçada de morte.

A lei do feminicídio, aprovada recentemente, que abrange casos de violência doméstica, é uma ferramenta a mais na punição daquele que mata uma mulher. Mas o ideal é que ela nem precisasse ser aplicada. Que as mães, irmãs e filhas fossem salvas antes, no primeiro pedido de socorro.

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