Home Editoriais Justiça Pais e alunos pedem desocupação de escolas

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Mesmo preparadas, escolas ocupadas em Anápolis terão início das aulas adiado

 Marcos Aurélio Silva e Fernanda Morais

O prejuízo no calendário escolar foia motivação para que dezenas de pais e alunos da Colégio Estadual Herta Layser O’Dwyer, no Jardim Progresso, se reunissem em um movimento pró-desocupação. Na manhã da quinta-feira (21), eles foram até a porta da unidade pedir a saída dos manifestantes, que protestam contra a gestão compartilhada na educação  –  feita pelo Estado e Organizações Sociais (OSs). Apesar dos pedidos e da tentativa de negociação, os ocupantes se mantiveram irredutíveis. A ação ocorreu de forma pacífica, sem necessidade de intervenção da polícia.

As aulas na Rede Estadual de Educação começaram na última quarta-feira (20). Exceto para os alunos matriculados nas 23 escolas ocupadas em todo o Estado. Em Anápolis são oito as unidades que, por conta da ocupação, devem atrasar o calendário escolar, afetando cerca de 800 alunos. “A gente precisa que eles liberem o colégiopara que não atrapalhem o calendário. Caso não desocupem, a gente vai ter que estudar nas férias, finais de semana e feriados”, alertou a estudante Milena Moraes, que está matriculada no colégio Estadual Herta LayserO’Dwyer.

A estudante Isabela Azevedo está matriculada na mesma unidade e também defende a saída dos ocupantes. Para ela, a gestão compartilhada não vai atrapalhar o funcionamento das escolas. “Nós estamos abertos ao diálogo. Falamos com diretores e professores. Acreditamos que a gestão com as OSs vão fazer bem para os alunos”, expôs. “Mas se eles não querem desocupar quem fica prejudicado com a falta de aulas somos nós. Estamos perdendo conteúdos”, complementa.

A artesã Lúcia Soares, tem filhos matriculados na unidade escolar e se queixa dos prejuízos que a educação dos meninos pode ter diante das ocupações. “Está atrapalhando muito os alunos. Há pessoas ocupando a escola que nem do bairro são. Não são da escola. Queremos a desocupação. Muitos estão aí só para atrapalhar. Eles nem estudam”, se queixou.

As primeiras unidades na cidade foram ocupadas nos dias 14, 15 e 16 de dezembro do ano passado. Diretores de escolas estão tentando negociar com os manifestantes para a desocupação. “Estava tudo programado para as aulas começarem na quarta-feira, 20. Mesmo com a escola ocupada desde dezembro as matrículas funcionaram normalmente e o planejamento também. Só que recebemos o comunicado da Secretaria de Educação dizendo que enquanto estiverem ocupadas essas unidades não têm como iniciar as aulas”, conta o diretor do Colégio Estadual Herta Layser, Mário Luiz. “A partir do momento que falamos com os pais explicando a situação eles se mobilizaram para exigir que as escolas sejam desocupadas e as aulas comecem. Essa é a melhor escola da região e os possíveis prejuízos não agradam os pais”, diz.

O superintendente Executivo da Secretaria Estadual de Educação, professor Marcos das Neves, esteve em Anápolis para acompanhar a manifestação. Ele confirmou que a ocupação das escolas não é considerada irregular, mas a Secretaria Estadual de Educação está tentando uma decisão judicial para reintegração de posse.

“Uma coisa que precisa ficar clara é que não podemos começar as aulas sem dar garantia total aos alunos e funcionários. Não tem como uma escola ocupada funcionar. Isso é definitivo. Entramos no Judiciário com ação de reintegração de posse. Já temos parecer favorável para algumas escolas de Goiânia e isso deve se repetir em Anápolis. É importante que os alunos e pais se manifestem em desfavor dessas ocupações. Não é nada contra o direito de ses manifestar, mas tudo a favor do direito de estudar e ter aulas. Esses dias perdidos terão que ser repostos”, declarou.

Nesta semana, a secretária Raquel Teixeira informou que os alunos de escolas ocupadas que precisassem fazer matrícula nas universidades poderiam ter problemas, uma vez que a pasta não poderia entregar os históricos ou certificados de conclusão de Ensino Médio. Na ocasião, a gestora destacou que é necessário entrar nas unidades, checar os documentos e carimbá-los.

Organizações sociais

Pela proposta do governo estadual, organizações sociais deverão cuidar da administração e infraestrutura das escolas e poderão também contratar tanto professores quanto funcionários administrativos. O quadro atual de concursados será mantido, mas novos profissionais passam a poder ser escolhidos pelas OS.

O projeto-piloto do novo modelo de gestão das escolas começará por 23 unidades da Subsecretaria Regional de Anápolis, que compreende também os municípios de Abadiânia, Alexânia, Campo Limpo de Goiás, Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, Goianápolis, Nerópolis, Ouro Verde, Petrolina de Goiás, Pirenópolis e Terezópolis de Goiás.

Segundo o governo, as escolas continuarão “100% públicas e gratuitas”. O objetivo do novo modelo é dar maior eficiência e melhorar a qualidade das unidades, que terão as estruturas melhoradas e manutenção constante. Com a administração terceirizada, professores e diretores terão tempo para focar no trabalho pedagógico, diz o governo.

Para um grupo de estudantes e professores, a decisão foi tomada sem diálogo com a comunidade escolar. Eles acham que terceirizar a administração e a contratação de professores pode ser prejudicial para a escola, além de abrir margem para a desvalorização dos docentes e redução de direitos em relação à contratação por concurso público.

 

As escolas ocupadas em Anápolis são:

– Colégio Estadual Américo Borges de Carvalho, ocupado desde 16 de dezembro do ano passado

– Colégio Estadual Carlos de Pina, ocupado desde 16 de dezembro

– Colégio Estadual Jad Salomão, ocupado desde 16 de dezembro

– Colégio Estadual José Ludovico de Almeida, ocupado desde 15 de dezembro

– Colégio Estadual Padre Fernando Gomes de Melo, ocupado desde 16 de dezembro

– Colégio Estadual Polivalente Frei João Batista, ocupado desde 14 de dezembro

– Colégio Estadual Herta Layser Odwyer, ocupado desde 23 de dezembro

– Colégio Estadual Antensina Santana, ocupado desde 7 de janeiro deste ano

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