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MARCOS VIEIRA

Nesta última semana, muita gente recebeu o link de um vídeo postado no Youtube que mostrava um bate-boca de vereadores com membros de uma associação de defesa de direitos de pessoas com diabetes. Trata-se de reportagem antiga, feita pelo Canal Anápolis (Canal 5 da Net) em 2008, mas que foi tida por vários internautas como atual. Antes de buscar qualquer tipo de informação, muita gente comentou sobre o vídeo, tecendo críticas que teriam muito sentido se tivessem sido colocadas há praticamente oito anos.

O episódio, claramente com interesse eleitoral, já que foi recolocado nas redes sociais com críticas direcionadas, serve para demonstrar o nível de desconhecimento de alguns em relação à Câmara Municipal. Aparecem na reportagem vereadores que não possuem mandato há um bom tempo, mas mesmo assim muita gente nem desconfiou. A falta de informação impera, inclusive, em relação ao local onde os vereadores se reúnem para as sessões ordinárias. Na época do bate-boca, os vereadores estavam se encontrando em ‘plenário’ na CDL, já que o espaço para isso encontrava-se em reforma.

Por fim, muita coisa caminhou daquele período para hoje e alguns não perceberam. A lei que gerou toda a polêmica acabou sendo aprovada na legislatura seguinte, de 2009 e 2012, garantindo aos diabéticos de Anápolis o fornecimento de insulina e fitas para aferir a taxa de glicose no sangue. É isso que acontece hoje na rede pública.

Vivemos um momento no País em que muitos esqueletos estão sendo retirados do armário. O pedido de prisão de José Sarney feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é um exemplo de que há ao menos uma tentativa de demonstrar aos eternos poderosos – muitos coronéis do século passado – que a Justiça pode alcança-los, inclusive, por crimes do passado. Agora, no caso da disputa eleitoral, que ao menos levantem o que é de interesse público.

É justo que o passado de um candidato seja investigado e que ele seja questionado amplamente sobre algumas decisões tomadas no passado. E que isso seja feito às claras – sem essa de perfil fake em rede social, que acaba tendo efeito contrário. É importante que o candidato não se sinta ofendido. E é mais importante ainda que responda o que lhe foi perguntado.

É natural em muitos países, sobretudo nos Estados Unidos, que o candidato seja arguido sobre posições ideológicas. No Brasil isso raramente acontece. O público e o privado se misturam por diversas vezes por aqui, de forma condenável, mas quando é preciso que haja a relação, ela pouco acontece.

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