Home Editoriais Economia Desemprego: o medo permanente de 2016, um ano de recessão

LUIZ EDUARDO ROSA

A crise em seu binômio político e econômico resultou saldos negativos durante o ano em Anápolis, com poucas exceções. Foram 12 milhões de desempregados contabilizados de agosto a outubro no Brasil – cerca de 8 mil em Anápolis. A esperança tem os pés nas mudanças que os governos das três esferas apostam para a retomada do crescimento e da confiança dos investidores.

Após praticamente uma década de saldos positivos de empregabilidade, 2016 apresentou cifras negativas de janeiro a outubro, com exceção do mês de agosto. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou como resultado do trimestre, agosto a outubro, um percentual de 11,8% dos trabalhadores desempregados, correspondendo a um número aproximado de 12 milhões de pessoas. Neste mesmo trimestre, em Anápolis, os números apresentaram cerca de 8,1 mil admissões e 8,5 mil desligamentos, resultando no saldo negativo de 373.

O saldo geral dos meses de janeiro a outubro deste ano apresentado pelo Cadastro Geral de Admissões e Demissões (Caged), cerca de 27,5 mil admissões contra 30 mil desligamentos, gerando assim um resultado final negativo de 2,5 mil. Na comparação do mesmo período dos dez meses, 2015 apresentou um saldo negativo de 124, com cerca 36,8 mil admissões e 36,9 mil demissões. Ainda no mesmo recorte de meses, a diferença de admissões contra demissões geraram saldos negativos para a Indústria de Transformação (-799), Comércio (-689), Serviços (-490) e Construção Civil (-103), segundo Caged.

Cada setor tem o seu comportamento de contratação (celetistas ou temporários), como por exemplo, o Comércio, que sazonalmente demanda a contratação de empregados temporários em número superior ao dos celetistas. Segundo a Subdelegacia Regional do Ministério do Trabalho (MTb) em Anápolis, os setores mais atingidos foram a indústria metalúrgica, a construção civil (fabricação e construção) e o comércio. “Nós observamos neste período de crise em Anápolis, que o setor de construção civil ao parar, acabou arrastando outros setores da economia local e impactou a empregabilidade”, afirma o superintendente do MTb em Goiás, Degmar Pereira.

Algumas estratégias foram viabilizadas pela União no segundo semestre de 2015. Um dos principais é a medida provisória que instituiu o Programa de Proteção ao Emprego (PPE) que consiste na redução da carga horária do trabalhador em 30%, sendo a remuneração proporcional aos outros 70% e a União através do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) arcaria com parte do custo. “Houve uma empresa na cidade que aderiu ao PPE, uma ao programa de Qualificação Profissional e algumas que tentaram as férias coletivas como possibilidade de manter a empregabilidade, entre estas houve casos de sucesso”, afirma Degmar, que desataca que estes programas tiveram adesão de empresas principalmente no setor farmoquímico, que conseguiu um cenário melhor e mantiveram os empregados.

Para Degmar, o ano de 2016 vira para 2017 com esperanças de reduzir as diferenças negativas entre demissões e desligamentos, até haver a inversão e retomada da empregabilidade positiva. Não foi possível nesta edição fazer um apanhado de todo este ano ou um recorte mais aproximado, contando com o saldo no mês de novembro, devido à demora do MTb para enviar os números pelo sistema do Caged aos municípios.

Empresariado
“2016 é um ano para ser esquecido em relação ao quadro econômico e produtivo do país, porém apostamos nas ações dos governos para retomar o crescimento para 2017”, afirma o presidente da Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia), Anastácios Apóstolos Dágios. Ele desenha o cenário econômico anapolino como uma “tempestade perfeita”, em alusão às influências diretas e indiretas dos governos federal, estadual e municipal no setor produtivo da cidade. “No geral toda a cadeia produtiva na cidade foi afetada, o Estado tem um expressivo número de aumento de empregabilidade e Anápolis foi à contramão com um percentual negativo”, explica Anastácios, que pontua durante o anos foram 16 mil vagas em todo o Estado e Anápolis mantendo saldo negativo chegando aos patamares acima levantados.

Em relação à União, a crise política acabou resvalando na economia nacional, com o processo de impeachment da presidente Dilma Roussef, que teve a duração do processo desde dezembro de 2015 até 31 de agosto deste ano. “O fator político afetou o econômico no país devido à falta de confiabilidade dos investidores dentro e fora do país, tendo em conta os rumos incertos da direção governamental”, argumenta Anastácios. Outro impacto da crise na esfera federal em Anápolis foi paralisação de investimentos pela Caixa para o financiamento em programas habitacionais e de moradia popular.

No âmbito Estadual, houve falta de investimentos em infraestrutura, como evolução da plataforma multimodal e obras complementares que não tiveram conclusão, como também a demora da liberação das licenças ambientais. Por parte do Município, Anastácios apontou a demora na liberação de alvarás para novas construções, que neste ano levaram no mínimo oito meses para serem liberados. De outubro de 2015 até dezembro deste ano, 14 meses, não houve lançamento de empreendimento, aprovado ou construído na cidade, segundo Anastácios.

Esperanças
Apesar das conclusões negativas acerca de 2016, Anastácios pontua que 2017 as esperanças se amparam em apostas dos programas de retomada no crescimento pelo Governo Federal e as expectativas de ações enérgicas pelo Estado e Município. Através de audiências e reivindicações, a Acia obteve resposta do Governo Estadual de que os recursos da venda da Celg possibilitarão a retomada das obras em infraestrutura e também a realização dos processos de alvará ambiental que feitos somente em Goiânia, poderão ser feitos em Anápolis. Quanto ao Município, as audiências e conversas com o novo prefeito, Roberto Naves, tiveram como resposta a pretensão de diminuir substancialmente o tempo de liberação dos alvarás municipais para a construção civil, para uma semana, se possível.

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