Home Editoriais Cidades Lixo na rua evidencia a falta de respeito com coletividade

Em um único bueiro em Anápolis, foram retiradas quase 6 toneladas de dejetos jogados pela população em via pública

ANA CLARA ITAGIBA

Por muitos anos, quem andava pelo centro de Anápolis se deparava com acúmulo de lixo nas ruas. Hoje o cenário é razoavelmente melhor. Apesar de a quantidade de sujeira ser menor, as pessoas ainda insistem em descartar resíduos no chão, ao invés da lixeira, geralmente ao alcance das mãos.

Janaína Paes Mendes trabalha como street do Sebrae, na Rua Engenheiro Portela. A sua função é abordar pessoas que estejam caminhando pelo Centro, apresentar propostas de cursos profissionalizantes e caso a pessoa se interesse levá-la até a instituição.

Como o seu trabalho exige que sempre esteja nos pontos com maior fluxo de carros e pessoas, Janaína vê a todo o momento irresponsabilidades de quem passa por ali. “Vejo muita gente jogando lixo no chão. Ultimamente o Centro está mais limpo, mas quem frequenta essas ruas sabe como é sujo. A pessoa toma um refrigerante, come um salgado e ao invés de jogar no lixo, joga o copo e o papel no chão”, contou.

A jovem acha que as pessoas estão cada vez mais mal educadas. “É só olhar em volta, por aqui existem várias lixeiras e é assim na cidade toda. Eu acho que não atrapalha tanto quem passa por aqui, mas em contrapartida, o meio ambiente é muito prejudicado. O mundo já está sobrecarregado e quando a gente olha em volta, a cidade está suja e ficando feia. Parece que está cada vez ficando pior”, afirmou a jovem.

Hoje Anápolis conta com 13 caminhões de coleta de lixo, 52 garis e 180 varredores que fazem a limpeza da cidade todos os dias. No final do mês esses profissionais contabilizam uma média de 14 mil Km de ruas varridas. A reportagem do JE conversou com o secretário municipal de Meio Ambiente, Habitação e Planejamento Urbano, Daniel Fortes, para saber como tem sido o trabalho da pasta nesse sentido.

Um dos maiores problemas de Anápolis são os bueiros entupidos. E para piorar, a cidade ainda possui uma rede de captação tímida. Segundo Daniel Fortes, somente 30% do município possui galerias de água pluvial. “Esses dias o secretário de Obras me mostrou a foto de um bueiro em frente a Caixa Econômica da Rua Engenheiro Portela que eu fiquei assustado. Lá foram tiradas quase seis toneladas de lixo, de uma única boca de lobo. O lixo era garrafa pet, papel e até escova de dente, ou seja, lixo que nós mesmos produzimos”, contou.

Quando um bueiro está entupido, a Secretária de Meio Ambiente manda um caminhão de hidrojato para fazer essa limpeza. Se isso não fosse uma realidade, catástrofes em períodos de chuvas torrenciais seriam evitadas.

Daniel disse que o que mais chama a sua atenção é que os pontos da cidade que estão mais limpos não são porque sujam menos, é porque se varre mais. Por exemplo, o bairro mais limpo da cidade não é aquele em que a pessoa joga menos lixo, é aquele em que a equipe de varrição passa mais vezes. “Nós precisamos mudar essa cultura. Eu não cuspo no chão da minha casa, eu não amasso um papel que recebi de um amigo e jogo no chão da minha casa. Nós precisamos levar essa cultura para a rua, a cidade é a nossa casa”, afirmou.

O secretário falou que por diversas vezes, é feito o serviço de limpeza e logo depois que a equipe sai chega um cidadão e despeja lixo onde acabaram de limpar. No final das contas, quem paga esse valor de limpeza urbana é a própria população. “Quanto menos nós sujarmos, mais barato seriam esses impostos relacionados à limpeza. Mensalmente a minha secretaria paga fortunas relacionadas à limpeza urbana e nós só pagamos esse valor alto porque as pessoas sujam a cidade”, explicou.

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