Home Editoriais Cidades Casos de incêndios triplicam no mês de julho em Anápolis

Durante todo o mês de junho deste ano foram registrados 16 chamados de queimadas e em julho o número mais que triplicou, com 55 casos

ANA CLARA ITAGIBA

Entre agosto e outubro a umidade do ar cai consideravelmente e com isso o índice de queimadas aumenta, prejudicando a saúde da população e ameaçando a fauna e a flora. Segundo dados do 3º Batalhão Bombeiro Militar (3º BBM), sediado em Anápolis, nesse período as equipes chegam a atender até quatro ocorrências por dia. Esse número é considerado alto se for levado em conta que durante todo o mês de junho deste ano foram registrados 16 chamados de queimadas e em julho o número mais que triplicou, com 55 casos.

“As estatísticas de agosto ainda não foram fechadas, mas já projetamos um número bem maior, que se aproxima de 100 ocorrências atendidas, pelo volume que temos tido nas últimas semanas”, disse o chefe da Sessão de Defesa Civil do 3º BBM, tenente Higor Mendonça.

Não chove durante esses três meses e isso faz com que a vegetação fique muito seca, sem praticamente nenhum líquido dentro. Segundo o tenente Mendonça, isso torna a mata um poderoso material inflamável. “Dessa forma, qualquer fonte de calor inicia um incêndio que se propaga muito rápido. Associado à ausência de umidade e de matéria líquida dentro da vegetação, temos ainda o vento que influencia na propagação mais rápida”, explica.

Além de prejudicar a vida animal e o sistema respiratório do ser humano, a segurança de famílias também é comprometida, já que existem riscos consideráveis de um incêndio que acontece no meio urbano se propagar para regiões residenciais. “Recentemente tivemos um caso bem agressivo em Portugal, onde um incêndio na mata invadiu casa e a rodovia, matando 64 pessoas”, lembra.

Um caso parecido aconteceu bem próximo a nós, a cerca de 80 quilômetros de Anápolis. Em agosto de 2013, aconteceu um incêndio no Parque Estadual da Serra de Jaraguá, que deixou aproximadamente 65% da reserva ambiental, de mais de 2.800 hectares, destruídos durante quatro dias de queimada. Testemunhas dizer que o incêndio começou quando um trabalhador rural tentava colocar fogo em um caixa de marimbondos.

E de fato isso é muito fácil de acontecer. No domingo (21) o Corpo de Bombeiros atendeu uma ocorrência na empresa Granol, que fica no Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), desta forma. O incêndio começou próximo da propriedade e acabou passando para uma pilha de bagaço de cana armazenada dentro do local. “Estamos fazendo um trabalho de conscientização com pessoas mais próximas às indústrias para que os responsáveis façam o manejo correto dessas áreas, pois isso evita um mal maior. Da mesma forma, a população precisa entender que não se deve colocar fogo em lotes baldios, lixo e animais mortos”.

Rodovias
Existem relatos de acidentes automobilísticos nas rodovias que cortam Anápolis que aconteceram por conta da fumaça de incêndio que invade a pista e tira a visibilidade do motorista. Diante disso, as pessoas devem evitar lançar bitucas de cigarro pelo vidro do carro. “Apesar de não haver um fato concreto que comprove que a brasa do cigarro é capaz de iniciar um incêndio, lavamos em consideração que todo material que produz calor é o suficiente para provocar um incêndio”.

Fauna e flora
Outro fator preocupante é com relação a fauna. Segundo o tenente Mendonça, o Corpo de Bombeiros recebem inúmeras ocorrências de animais nativos mortos, como serpentes e tamanduás. “Eles não conseguem refugiar a tempo, porque a velocidade do fogo é grande, então além do prejuízo à flora, nós temos também o prejuízo grande para essas regiões que tem animais. Isso acaba reduzindo a população dessas espécies”, explicou.

Orientação
A orientação dada pelo tenente Mendonça para evitar incêndios em matas muito extensas é que seja feitos aceiros – faixa livre de vegetação, onde o solo fica descoberto – nos meses de junho e julho, pois eles evitam a propagação do fogo. “É importante que essa manutenção seja feita da forma correta, fazendo a poda do material e da massa vegetal que fica acumulada, pois essa massa é crucial para que o incêndio seja agressivo. Se precisarem de ajuda, é só comunicar o Corpo de Bombeiros”, aconselha.

SAIBA MAIS

Ao trafegar pelas estradas e rodovias, não lance pontas de cigarro pela janela do veículo, pois com a baixa umidade desse período, a vegetação seca se incendeia com muita facilidade.

Ao realizar acampamentos, seja bastante cuidadoso na hora de acender fogueiras, velas e lampiões. Só acenda as fogueiras após limpar bem o local, retirando completamente a vegetação em volta. Procure fazer sua fogueira em local aberto, como por exemplo, numa clareira ou à beira do rio, para que o fogo não prejudique os galhos e folhas das árvores que estejam em volta ou acima dela. Quando não for mais utilizar a fogueira, certifique-se que as brasas estão apagadas e resfriadas. Se possível, enterre o as sobras de material (carvão, brasas e cinza). Não jogue os restos da fogueira no rio. Nunca se ausente do acampamento, deixando para trás a fogueira acessa ou com torrões em brasa.

Não jogue lixo por aí. As latas de metal, os cacos e garrafas de vidro podem se aquecer ao sol e acabar dando origem às queimadas.

Não solte balões, além de perigoso é crime conforme a Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal nº 9605/98). O balão pode cair aceso em florestas, residências e indústrias, produzindo grandes prejuízos patrimoniais, ameaça ao nosso meio ambiente e até mesmo colocando a integridade física e a vida das pessoas em risco.

Quando for realizar alguma queima controlada para renovo de pastagem ou para limpeza de alguma área, procure antecipadamente o Corpo de Bombeiros.

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