Home Editoriais Política Encontro do PTB insere Anápolis no debate eleitoral de 2018

Prefeito Roberto Naves é anfitrião de encontro que representa o primeiro passo para entendimento da base governista na formação da chapa majoritária que disputará a eleição em Goiás no ano que vem, cuja proposta é ter o vice-governador José Eliton na cabeça

MARCOS VIEIRA

Em encontro no sábado (19) em Anápolis, o PTB reafirmou que seguirá na base governista para a disputa eleitoral de 2018, dando apoio ao vice-governador José Eliton (PSDB), provável nome para encabeçar a chapa das siglas que hoje compõem o bloco de apoio de Marconi Perillo (PSDB).

Em um evento que reuniu cerca de 2 mil pessoas, segundo os organizadores, o PTB do deputado federal Jovair Arantes foi bem claro no apoio a José Eliton, ressaltou por diversas vezes que não há chance de rachas e que o partido tem força suficiente para brigar por uma vaga na chapa majoritária.

Além da vaga de candidato a governador – já definido por enquanto que será de José Eliton – há ainda a vice e duas cadeiras para o Senado em disputa. Uma das estrelas petebistas atualmente, o recém-filiado Demóstenes Torres, aparece como cotado, embora ele precise primeiro derrubar na Justiça a sua inegibilidade pela cassação em 2012.

Bastante aplaudido e assediado para fotos, Demóstenes falou por diversas vezes que apoiará José Eliton e que o PTB pode fortalecer a chapa governista no ano que vem. “Falam no novo, mas tem que ser alguém que se sustente, não pode ser um aventureiro. E José Eliton conhece bem Goiás”, discursou o ex-senador.

O encontro teve a presença de representantes de diversos partidos. O deputado federal Lucas Vergílio, do Solidariedade, defendeu a união para 2018. O senador Wilder Morais (PP) foi mais enfático e disse que seu partido fará tudo para caminhar ao lado do PTB no próximo pleito.

Wilder assumiu o Senado com a cassação de Demóstenes, pois era primeiro suplente do ex-senador. Em seu discurso, ele disse que não queria ter chegado aonde chegou da forma que foi. “Eu seria senador e você, governador”, falou Wilder para Demóstenes. Depois, completou: “eu te defendo em qualquer lugar”.

Tucanos
O governador Marconi Perillo só chegou ao evento após o fim dos discursos no palco. Coube então ao vice José Eliton falar em nome dos tucanos. Segundo ele, o PTB é um dos mais importantes alicerces do chamado Tempo Novo, que assumiu o poder em Goiás em 1998.

Eliton discursou que virou vice-governador graças ao trabalho de Jovair Arantes, que manteve o PTB na base e lutou para a ampliação da aliança. “O senhor foi nosso esteio”.

José Eliton também falou de Demóstenes. “Poucos parlamentares produziram tanto para o País como o senhor, que sofreu ataques duríssimos junto com o governador Marconi Perillo. O Brasil conhece hoje os autores daquela farsa, que foi construída pelo ex-presidente”, frisou o vice-governador, se referindo ao petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Roberto atua para cidade ter força na futura chapa

Anfitrião do encontro, o prefeito Roberto Naves consolidou Anápolis como protagonista do processo eleitoral de 2018 dentro da base governista. Com 256 mil eleitores e conhecida por ser decisiva nas campanhas estaduais, a cidade naturalmente chama a atenção dos políticos. Ao trazer um grande encontro partidário para o município, Roberto Naves assume seu papel como líder do processo.

Falando de improviso, o prefeito agradeceu lideranças de maneira espirituosa, arrancando risos em diferentes momentos, demonstrou gratidão ao deputado federal Jovair Arantes e deu o recado quanto ao papel que imagina para o PTB no processo eleitoral. “Não precisamos brigar com a base, pois temos força. Na hora de sentar à mesa, não tem como ficar sem o PTB”, falou.

O prefeito Roberto Naves deu entrevista sobre o encontro e seu posicionamento eleitoral.

Importância desse encontro, prefeito.
É um prazer muito grande receber essa quantidade de pessoas, essa quantidade de autoridades aqui na cidade de Anápolis. Mostra a força que o PTB tem, mostra que é um partido extremamente organizado e aqui a gente começa a discutir o futuro da política goiana para o ano de 2018.

Satisfeito com o grande número de pessoas?
Esse encontro mostra o que podemos fazer com o apoio dos filiados, dos partidos da base. Aqui hoje temos cerca de 14, 15 partidos presentes neste evento. Então a gente mostra que não ganhamos uma eleição por sorte, como muitos acreditavam, mas realmente porque trabalhamos e temos pessoas competentes do nosso lado, além de termos a população acreditando no nosso projeto.

Quais são os planos do PTB?
Nós fazemos parte da base do governador Marconi Perillo e vamos continuar dessa forma, mas com certeza participando da chapa majoritária porque temos que ser pragmáticos. O partido mais forte é o quem vai indicar o nosso candidato a governador, com certeza José Eliton, e depois o próximo partido a ser escutado tem que ser o PTB. Essa é uma questão básica. A questão mesmo de pragmatismo e tamanho. Então o PTB vai participar e ser o primeiro a se posicionar no que diz respeito as outras vagas da majoritária.

Anápolis tem voz nessa discussão?
Anápolis tem voz nessa discussão. Anápolis voltou a ter secretário de Desenvolvimento Econômico. Anápolis voltou a ter uma grande parceria com o governo estadual. Isso mostra que somos cacifados para poder até mesmo estar indicando alguém de Anápolis nessa chapa majoritária.

Anápolis volta a ser cidade-polo também na política, diz Jovair

O presidente do PTB de Goiás, deputado federal Jovair Arantes, afirmou que o encontro do partido em Anápolis devolve à cidade o seu protagonismo no cenário político.

Expectativa desse encontro?
Anápolis volta a pulsar com esse evento, ser a cidade pólo na política também e o PTB estabelece como pólo a cidade de Anápolis. Exatamente porque entendemos que a cidade hoje administrada pelo petebista Roberto Naves, que tem feito um trabalho significativo na cidade, com qualidade e com respeito ao povo da cidade, ficamos feliz. A cidade dá a resposta. Anápolis sempre deu resposta. A cidade não pode ficar no ostracismo, não pode ser mais uma em Goiás, pois é a cidade. Historicamente, Anápolis sempre ocupou um espaço fundamental em diversos setores, incluindo a política. E de alguns anos para cá a cidade ficou escanteada. Agora estamos colocando Anápolis no roteiro político e econômico de Goiás. Acho que Anápolis ganha muito com esse encontro e com qualquer movimento que é feito. Hoje temos aqui prefeitos de diversos municípios goianos, vereadores e presidentes de diretórios. Isso é fundamental para uma cidade ser mostrada para o Estado. Hoje está aqui o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira. Isso tudo nos agrada muito, nos engrandece.

O prefeito Roberto Naves começou na política recentemente. O senhor de alguma forma lhe dá conselhos?
O Roberto que está me dando conselhos e me orientando já. Ele é um professor também na competência de administrar. Ele não para, ele busca constantemente os recursos para a cidade. Anápolis é uma cidade que realmente merece essa entrega e essa vontade dele, mostrando que a cidade voltou a ser respeitada.

A cada eleição o PTB reavalia o apoio que mantém há vários anos ao governador Marconi Perillo?
Somos um partido independente, não somos atrelados, não somos um apêndice. Tanto é que é o 18º encontro do partido. Reunimos-nos e discutimos claramente nossos destinos. E é isso que queremos. Qual partido de Goiás que faz esse tipo de encontro que estamos fazendo hoje? São poucos. O PTB é claro nas suas ações. Devemos até estar na base do governador Marconi, junto com o vice José Eliton, mas temos que decidir isso em assembleia. Eu não posso como presidente do partido dizer quem o PTB apoiará. Discutimos internamente e vamos continuar.

E a filiação do Demóstenes no PTB?
É um grande quadro. O Demóstenes significa experiência e que sai de processos e mais processos que colocaram nas costas dele, sendo inocentando de todos. Então é um cidadão que não deve nada à sociedade. Ao contrário, a sociedade entende e vê nele uma grande liderança. E essa liderança que ele expressa tem que ser usada no ponto de vista de militância. E ele vem para o partido militar, trabalhar no que ele achar melhor, se quiser ser candidato vai se apresentar.

Mas ele está inelegível.
Mas isso será resolvido. É a última coisa que falta. Uma inegibilidade que foi dada pelo Senado. Ele está com processo e certamente será autorizado a seguir o seu caminho político.

“Estou de volta e com vontade de poder disputar eleição”

O ex-senador Demóstenes Torres, recém-filiado ao PTB, foi um dos nomes mais saudados no encontro do partido em Anápolis. Em entrevista, ele falou sobre seu desejo de disputar a eleição em 2018.

Como está a luta para voltar ao cenário político?
Já entrei com o pedido no Senado, porque o STF já me deu ganho de causa. Espero que o Senado decida até outubro e, se ele decidir, eu volto. Agora, se não decidir, eu vou ao STF buscar o direito de me candidatar e retornar ao lugar onde os goianos me colocaram.

A intenção do senhor é voltar ao Senado?
Eu tenho a humildade de admitir que irei aonde o partido precisar. Eu acho que no Senado tenho muito a contribuir, pois tenho experiência, sou estudioso, sou um formulador, contribui para mais de 180 leis. Participei da Lei da Ficha Limpa, das leis contra o crime de pedofilia, violência contra mulher, Lei Maria da Penha, divórcio em cartório para baratear a vida do cidadão, Estatuto do Idoso. Então, eu acho que lá eu posso continuar contribuindo com Goiás e com o Brasil.

Como tem sido o contato com a população após ingressar em um partido?
Muito bom. Tenho tido a compreensão das pessoas. Até então tinha só uma versão, unilateral. Com a decisão do Supremo e uma perícia realizada pelo Ministério Público, eu pude voltar a discutir porque eu não queria apresentar desculpas. E hoje eu me sinto a vontade para poder mostrar ao cidadão o que aconteceu. Nunca fui acusado de desviar quaisquer centavos de qualquer lugar, de ponte, de hospital, de estrada… Nada. E o Ministério Público comprovou isso, que meu patrimônio poderia ser até maior do que tenho. Então o contato com o eleitor é bom, agradável e acho que vou ter espaço.

Como foi a vida de Demóstenes Torres após a cassação?
Foi uma vida de reflexão, de estudo, de tristeza, mas também de alegria. Pessoas que me procuraram o tempo todo, amigos que jamais me abandonaram. Eu tive nesse período muito conforto da família, da esposa, dos filhos. Enfim, consegui passar por esse triturador, sair do outro lado e isso me deu uma alegria maior, isso me deu maior compreensão, não guardo raiva de ninguém, embora compreenda que isso faz parte do jogo político e hoje tenho o contato com o eleitor muito satisfatório.

E há uma mudança de perfil depois de tudo que aconteceu?
Tem que haver. Hoje eu tenho que ser formulador, fazer leis, mas tenho que compreender que muitas coisas acontecem contra a pessoa e ela tem que ter o direito de se manifestar e comprovar o contrário. Antigamente eu acreditava em muita coisa que saia na imprensa como algo absolutamente verdadeiro – muita coisa é verdadeira mesmo, mas hoje eu acredito muito no contraditório, na oportunidade de se defender.

O que é verdadeiro?
Verdadeiro é que Demóstenes Torres está de volta e com a vontade de poder disputar a eleição.

Foi injusto o que aconteceu com o senhor?
Totalmente. Compare com a situação dos outros e verifique se peguei algum centavo de algum lugar. Nunca fui acusado disso, mas naquele momento eu era, digamos, uma pessoa que enfrentava aquela história do governo de um contra o outro, do rico contra o pobre, do negro contra o branco. Eu era um opositor ao petismo e foi conveniente para eles ficarem livres de mim.

O senhor ainda não definiu se será candidato a senador ou deputado federal?
Vai depender do PTB e vai depender da vontade do povo.

O que o senhor acha da política atual?
Eu acho que temos que dar estabilidade porque o Brasil merece. Não dá para ficar como estamos, querendo derrubar um presidente a cada minuto. Deixa a Justiça tomar conta dele em um momento oportuno. Se caísse o Michel Temer iria assumir um que cairia mais para frente. Depois outro e não aguentamos isso não. A própria imprensa divulga, agora, que são mais de R$ 120 bilhões de prejuízo no País por conta de uma crise política. Investidores não querem trazer dinheiro para o Brasil com medo de que as regras mudem subitamente. Ou seja, sem essa estabilidade vamos virar uma Venezuela.

E a Operação Lava Jato?
É uma boa operação, tem que punir quem cometeu delito.

O senhor acredita que o presidente Lula volta ao cenário nacional?
Se não matarem ele politicamente, ele tem chance, tem seguidores.

Ele volta forte?
Contra a minha vontade, mas o povo que decide.

E em Goiás?
Acredito que o nome da base governista já está no mínimo no segundo turno. José Eliton será uma candidatura forte, o governo nunca ficou fora [do segundo turno], é o novo, uma renovação dentro do próprio quadro do governo; Ronaldo Caiado é forte e o desafio dele é buscar alianças; e o PMDB é aquele dilema, se não lançar candidato pode se transformar em um partido rabo de leão.

Por que a escolha do PTB?
Porque Jovair Arantes é um homem de palavra. O PTB tem história dentro do Brasil e acredito que em um partido forte, teremos condições de influenciar nos destinos do País novamente.

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