Home Editoriais Cidades Aline Vilela, a primeira delegada regional de Anápolis quer surpreender

Aline Vilela diz que cargo é um grande desafio, pois abrange 29 cidades e conta com 302 servidores

FERNANDA MORAIS

Desde o dia 30 de outubro, a 3ª Delegacia Regional da Polícia Civil (3ª DPCA) em Anápolis está sob o comando de Aline Vilela. Recém empossada para chefiar a circunscrição que, além de Anápolis é responsável por outras 28 cidades do entorno, Aline Vilela é a primeira mulher a assumir o cargo de delegada regional na história da Polícia Civil em Goiás. Ela falou sobre os desafios de sua nova função dentro da PC. Uma de suas primeiras metas é conhecer todas as delegacias que fazem parte da 3ª Regional e assim fazer uma gestão mais próxima dos 302 servidores que fazem parte de sua equipe. Confira a entrevista na íntegra.

Como aconteceu o processo da sua escolha para assumir a 3ª Delegacia Regional da Polícia Civil em Anápolis?
A mudança faz parte de adequações administrativas da diretoria da Polícia Civil de Goiás que levou o doutor Fábio [Vilela, que é marido de Aline], que faz mestrado e é especialista nessa área de políticas públicas, para Goiânia, e eu fiquei no lugar dele [Fábio], que era o Regional da nossa delegacia.

Até então onde a senhora estava atuando pela Polícia Civil?
Fiquei sete anos na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, a Deam, saí e nesse intervalo, até ser nomeada para a nova função, ajudei na criação aqui na Delegacia Regional de um laboratório de combate a crimes cibernéticos que vai atender a DPCA em Anápolis e todas as delegacias dos interiores que fazem parte da Regional.

A senhora é a primeira mulher a assumir a Regional aqui em Anápolis. Qual sentimento?
Sou sim. O cargo de delegado Regional sempre foi particularmente preenchido por homens. É a primeira vez na história da Polícia Civil de Goiás que uma mulher assume uma Regional e já começando por Anápolis, que tem uma delegacia enorme. Nós temos só aqui dentro da cidade seis distritos, quatro especializadas, três grupos de repressão a crimes específicos. A circunscrição tem ainda 28 cidades, com Anápolis são 29, fazendo parte da nossa Regional. É uma grande missão e estou muito feliz em ocupar esse cargo tão importante e que exige responsabilidade e dedicação da minha parte.

É um desafio?
É um desafio principalmente pela quantidade de pessoas a gerir. Hoje nós somos, ao todo, 302 servidores na nossa Regional. Essa semana foram empossados na Polícia Civil de Goiás 397 novos policiais, com certeza virão alguns deles para Anápolis. A demanda de trabalho também é muito grande, então é sim um grande desafio.

A equipe disponível na Regional está aquém da demanda de trabalho?
Sim. Em todo o Estado o déficit estrutural da Polícia Civil é grande. Mas lembro que essa semana tomaram posse novos 397 policiais e o Governo também anunciou mais de 500 novas vagas para agentes e escrivães, além de cem novas vagas para delegados. Então acredito que após a conclusão desse concurso anunciado recentemente esse problema da demanda de profissionais será resolvido.

Tem tempo que a senhora atua na Polícia Civil em Anápolis. Só na Deam foram sete anos. Conhece bem a equipe da Regional?
O meu primeiro objetivo é conhecer todas as delegacias das outras cidades que fazem parte desse grupo e também os seus servidores. Preciso conhecer a estrutura física e de pessoal dessas delegacias, ver o perfil de cada colaborador e definir onde melhor esse policial poderia desenvolver sua função. Então tem sim muito trabalho pela frente.

Em relação ao novo laboratório de crimes cibernéticos que já está funcionando em Anápolis, como foi a implantação?
Na última terça-feira (dia 31 de outubro) foi anunciada a criação de uma delegacia específica de crimes cibernéticos a nível estadual. O nosso laboratório aqui na Regional de Anápolis é específico para o combate a crimes de pedofilia. Então temos um convênio com a polícia americana e através dessa parceria, vamos investigar esses crimes tanto em Anápolis quanto na região.

Inclusive já foi realizada uma operação com a prisão de pedófilos em Anápolis.
Sim. Tivemos uma operação com a prisão de três pedófilos. Como haveria uma operação nacional, já tínhamos os alvos, aguardamos o dia 20 de outubro para agir em conjunto para não atrapalhar a operação em âmbito nacional. Porque se eu prendo um pedófilo aqui em Anápolis, vaza a informação e as outras delegacias do País ficariam prejudicadas com o cumprimento desses mandatos. Então foi ótima essa operação, inclusive com muita repercussão internacional. Temos grupos de delegados do Brasil e acompanhamos todo esse processo.

Tem alguma justificativa para esse laboratório ter sido implantado em Anápolis. É um crime em potencial na cidade?
Na Polícia Civil a gestão é feita em cima de estatísticas. Como vimos que o crime, nessa vertente, aumentou, nós precisávamos criar algo para combatê-lo, então esse laboratório veio em boa hora. Temos uma pessoa especializada para esse tipo de trabalho. Esse profissional, que tem total conhecimento nesse mundo digital, de internet e de tecnologia trabalha ligado diretamente com a polícia americana, ele tem dados dessa polícia, está responsável não só por crimes desse tipo em Anápolis, mas em toda região. Nosso policial é preparado e, com certeza, fará bem esse trabalho.

Aqui em Anápolis, qual a maior preocupação da senhora enquanto delegada Regional?
Trabalhar em harmonia com todos os servidores. Temos que cuidar do plantão que precisa funcionar adequadamente e de maneira eficiente durante 24 horas. O Grupo de Investigação de Homicídios é uma delegacia que está fazendo um ótimo trabalho na cidade, mas como o bem maior que temos é a vida, é uma delegacia que merece ser priorizada em todos os aspectos, seja no plantão ou no deslocamento para os locais onde acontecem os crimes, no aumento de servidores. Nós temos em Anápolis uma delegacia que atende os deficientes, que está junto com a dos idosos. Essa delegacia funcionava de maneira informal em Anápolis desde quando foi instalada. Também na última terça-feira, o Governo de Goiás anunciou a sua criação formal, através de lei, a Delegacia dos Deficientes. Há poucos dias tivemos certa polêmica com esse assunto que agora está resolvido. A questão dos veículos que ficam no centro da cidade, atrapalha os comerciantes, atrapalha o visual da cidade. Existe um convênio firmado entre o Município e o Estado no sentido de o Município arcar com a guarda e a permanência desse veículo em pátio próprio que está em andamento também. Então temos vários desafios a serem trabalhados.

Como é o acesso da senhora com a direção da Polícia Civil em Goiás? Tem facilidade para levar as demandas até os gestores estaduais?
Acredito que minha escolha foi justamente por isso. Tenho proximidade com o doutor Álvaro Cássio, que é o delegado Geral da Polícia Civil em Goiás. Trabalhei com ele enquanto ele esteve na Regional de Anápolis já que eu estava à frente da Delegacia da Mulher. Tenho total apoio de toda a diretoria. Hoje o superintendente de Polícia Judiciária, doutor Alécio Moreira, é um colega que entrou na Polícia Civil no mesmo concurso que eu, então eu tenho total acesso a ele. O delegado de planejamento, doutor Gustavo, é também do meu concurso. Nesse sentido é tranquilo porque temos sim portas abertas e acesso amplo a todos esses gestores.

O que os colegas de trabalho na Polícia Civil e a população de Anápolis podem esperar da senhora enquanto delegada Regional?
A Regional é uma grande engrenagem. Todos os 302 policiais são peças importantes dessa engrenagem. Sozinha, eu não consigo fazer nada, resolver nada. O meu objetivo é fazer esses 302 servidores atuarem de maneira harmônica para que alcancemos o objetivo comum que é de proporcionar o bem-estar ao cidadão que precisa da Polícia Civil. E isso como? Fazendo justiça quando ocorrem os crimes. É isso que a população espera da gente.

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