Home Editoriais Cidades Dia Mundial do Diabetes: grupo busca ampliar atendimento SUS

Diabéticos anapolinos relatam dificuldades para fazer tratamento no município

ANA CLARA ITAGIBA

Na próxima terça-feira (14) comemora-se o Dia Mundial do Diabetes. A doença que se caracteriza pela hiperglicemia – aumento de açúcar no sangue – afeta mais de 16 milhões de brasileiros adultos (8,1%) e mata 72 mil pessoas por ano no País, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em Anápolis, mais de 3 mil diabéticos estão cadastrados no programa de atendimento aos portadores da doença. Existe também o Grupo de Diabéticos de Anápolis, com 243 membros que compartilham informações sobre tudo que envolve o tratamento. Segundo eles, apesar de ser uma doença bastante conhecida, há muito a ser melhorado dentro do programa anapolino, principalmente no que envolve a distribuição regular de medicamentos.

De acordo com o líder do grupo, Sander Ângelo, o paciente diabético anapolino atualmente tem a insulinoterapia fornecida em parte pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa). No início deste ano, eles se mobilizaram e foram à Câmara Municipal de Anápolis buscar apoio dos vereadores, pois a insulina lantus estava há quatros meses sem ser repassada. O medicamento é de alto custo, de efeito prolongado e proporciona melhor qualidade de vida, já que evita os picos de hipoglicemia. “Acho que falta bastante apoio de políticos. Acho que os vereadores devem se interessar mais pela causa e fazer uma legislação mais pertinente e que não vá para dentro da gaveta”, acredita.

Mas, existe outro problema. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a insulina injetável, mas não ensina como aplicá-la. “Não estamos falando de um comprimido, estamos falando de uma medicação injetável. Dão um injetável, mas não dão uma seringa ou uma agulha para uma caneta. Então hoje o paciente precisa arcar com o custo dessa seringa ou agulha”, contou.

Outro ponto que sempre é questionado e solicitado pelo Grupo dos Diabéticos de Anápolis é a falta de distribuição de auto-lancetas, que é um dispositivo indicado para medir a glicemia do indivíduo. “Dão a fitinha, mas como paciente vai furar o dedo para medir? É através dessa auto-lancetas”, questionou.

O tratamento para diabetes envolve três pilares, são eles: atividade física, boa alimentação e a insulinoterapia. “Pelo o que eu vejo, os membros do grupo realizam os dois primeiros pilares. As mães, principalmente, colocam toda hora receitas e orientações de como cozinhar bem para manter uma dieta saudável. Percebemos que os diabéticos seguem esses dois pilares. O problema está no terceiro que não está sendo cumprido da forma correta”.

O líder do grupo acredita que seu filho é um dos únicos diabéticos de Anápolis que recebe todo o tratamento pelo SUS. Mas, isso acontece porque ele correu atrás do Ministério Público para fornecer tudo àquilo que uma pessoa que vive nessa condição tem direito. “Eu também entrei com uma ação na Justiça Federal, que está em trâmite até hoje, com causa ganha parcial. Já deram o veredicto que é para o meu filho ser atendido com todos os aparatos necessários e dentro da própria legislação”. Essa determinação já engloba as novas tecnologias do tratamento de diabéticos. O que há de mais moderno atualmente nesse tratamento são as bombas de infusão de insulinas e as agulhas com canetas e as lancetas já não são consideradas tão novas. “Então no geral, nós temos bastante caminho a percorrer nessa questão”, afirma.

Grupo
Sander foi um dos líderes da mobilização que aconteceu no início do ano. Ele é pai de uma criança de cinco anos que tem diabetes tipo 1. Quando seu filho foi diagnosticado, em 2014, percebeu que faltava muita informação a respeito do assunto e por conta própria resolveu estudar a doença e quais eram os direitos de um diabético. Na época, ele e sua esposa perceberam que muitas pessoas de Anápolis, que já conviviam com a condição há décadas, se quer sabiam a forma correta de se fazer o tratamento.

Essa situação o motivou a criar o Grupo de Diabéticos de Anápolis, em 2015. Diariamente os membros deste grupo trocam informações sobre tratamento, orientações, alimentação, atividade física, legislação de diabetes, distribuição do medicamento pela Secretaria Municipal de Saúde e até mesmo, pedidos de socorro quando um paciente está com a glicemia muito baixa ou muito alta. Assim que membros novos entram no grupo, os líderes fazem visitas presenciais para dar orientações e se colocarem a disposição para ajudar no que for preciso. “É bem complicado e difícil porque é uma mudança geral em sua vida”, explica.

Tipos
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que aparece, geralmente em crianças ou adolescentes, mas pode ser diagnosticada em adultos também. Ela pode se tratada através de reposição de insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas.

Já no diabetes tipo 2, o organismo não usa a insulina de forma correta ou não produz a quantidade suficiente. É mais comum ela se manifestar em adultos e o principal fator de risco é a obesidade.

Data
O Dia Mundial do Diabetes foi instituído por uma resolução das Nações Unidas, em 2006, mas é comemorado pela International Diabetes Federation (IDF) desde 1991. A data, 14 de novembro, foi escolhida para homenagear o dia do nascimento do canadense Frederick Banting, um dos descobridores da insulina. Mais de 160 países participam da campanha iluminando monumentos e promovendo ações de conscientização e prevenção.

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