Home Editoriais Cidades Trabalho voluntário: a vida de quem ajuda o próximo

Apesar do baixo índice de adesão dos brasileiros, Anápolis é uma cidade que possui muitas pessoas que se empenham para ajudar o próximo

ANA CLARA ITAGIBA

Cerca de 28% dos brasileiros participam de algum trabalho voluntário. O percentual, que foi divulgado pelo Datafolha em 2014 e é considerado baixo se comparado ao da média mundial que é de 37%. Países como China e Canadá, por exemplo, possuem respectivamente, 55% e 50% da população envolvida nestes tipos de trabalhos.

Apesar do baixo índice de adesão dos brasileiros, Anápolis é uma cidade que possui muitas pessoas que se empenham para ajudar o próximo. O Voluntariado Adição, por exemplo, é um projeto social que tem como objetivo ir à zonas periferias da cidade e desenvolver ações voltadas para educação, saúde, meio ambiente, cultura e lazer para atingir pessoas carentes. “Fizemos uma ação voltada para a cultura através da leitura chamada ‘Ler é divertido’. Nós arrecadamos livros e levamos para os moradores do Bairro Residencial das Flores”, conta a coordenadora do projeto, Yasminne Takeda, que tem uma formação específica em voluntariado.

A Compaixão Internacional é outro projeto social desenvolvido por moradores de Anápolis. A ONG desenvolve projetos e ações visando a garantia dos direitos universais nos países mais pobres do mundo e comunidades mais carentes do Brasil. Os projetos são voltados para educação, saúde e direitos. Fundada em 2012, até agora já atuou em 16 países e 12 comunidades brasileiras. “O trabalho voluntário lhe aproxima do que realmente importa. Quando a pessoa se dispõe a trabalhar por algo que não seja dinheiro, ela tem boas chances de descobrir o que realmente gosta e voltar a perceber as coisas da vida que não tem preço. É um encontro com o propósito de vida pelo qual nascemos”, garante a co-fundadora da ONG, Betty Mae Agi.

Dedicar-se ao próximo não é tarefa fácil e exige carinho, atenção e responsabilidade. Por isso, a coordenadora do Voluntariado Adição afirma que para participar do projeto, é necessário passar por uma triagem onde a pessoa é entrevistada e a partir daí observa-se ela realmente tem aptidão para ser voluntário. “Para as pessoas entrarem mesmo no projeto, precisam assinar um termo de adesão ao voluntariado, porque senão não tem aquele compromisso e acabam deixando de lado. Muitos só tiram fotos para divulgar nas redes sociais e fica por isso mesmo”.

Ser voluntário é quase uma vocação. Betty afirma que desde sempre se interessou por ações beneficiassem o coletivo e transformassem histórias. Quando concluiu a graduação, em 2010, a vontade de conhecer o mundo e contribuir com ele de forma positiva cresceu. Na época, ela viajou com a irmã e juntas trabalharam como biomédicas voluntárias na Angola por três meses. “Ao ver crianças descalças por não terem condições de comprar sapatos pensamos em arrecadar pares de chinelos para enviar até elas e assim começou a ONG Compaixão. Hoje, depois de 36 mil pares de chinelos e diversas ações realizadas, vemos que este foi um passo acertado”, assegura.

O Voluntariado Adição também tem atingido muitas famílias e motivando muitas pessoas a se tornarem voluntários no município. A média de cada bairro que está cadastrado no projeto é de 70 famílias e em um ano e meio de funcionamento já possui cerca de 20 pessoas. “Não vamos lá simplesmente para doar algo. Sempre fazemos uma campanha, conhecemos as pessoas do bairro e dividimos a equipe para ser o mais organizado possível”, conta a coordenadora.

Para ela, um dos maiores desafios de quem assume essa posição é entender que o voluntário precisa estar disponível para a necessidade do outro. “O que me motivou a começar esse projeto, junto com o meu parceiro Bruno, foi a vontade de ajudar de uma forma assertiva e não só ir lá e fazer uma doação, por exemplo. É bom ensinar algo e estar disponível dentro da minha profissão”, afirma Yasminne, que também é psicóloga.
Ambas concordam que a falta de assistencialismo é um das grandes dificuldades, já que é precisam desempenhar e custear as ações. “Todos nós arcamos com as próprias despesas”, diz Betty.

Diante de tantos obstáculos, as duas, como muitos outros voluntários, procuram sempre continuar desenvolvendo seus trabalhos com amor. “O mundo está cheio de pessoas com projetos incríveis que ainda não tiveram a oportunidade de tirar do papel e muitas outras esperando por eles pra mudar de vida. Você não precisa mudar de emprego ou largar tudo o que você precisa é trabalhar pelo motivo certo e não desistir. Não dá para simplesmente agradecer com uma oração antes de comer e continuar deixando que pessoas morram de fome. É necessário fazer algo, por mínimo que seja.”, aconselha a co-fundadora da ONG Compaixão.

Para fazer parte desses projetos é simples. Os interessados em trabalhar como voluntário no Voluntariado Adição deve entrar em contato com os coordenadores pelo telefone com (62) 99252-1100. Já quem que fazer parte da ONG Compaixão Internacional deve acessar o site oficial compaixaointernacional.org.br para ter mais informações.

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