Home Geral Fake news, fuck news | Marcos Vieira

Eu não gosto de leite. Sabe leite quente? Não suporto nem o cheiro. No que diz respeito ao leite pode-se dizer que faço parte da oposição. Mas esse meu gosto não significa que eu saia compartilhando notícias falsas que denigrem a imagem do leite nos grupos de Whatsapp.

Veja bem: odeio leite, mas isso não me dá o direito de aceitar passar para frente uma mentira sobre ele. “Leite provoca câncer”. Isso não é verdade. Portanto, mesmo eu achando que é uma “notícia” que ajuda a rebaixar a imagem do leite, que pode até fazer com que ele perca algumas centenas de apoio, eu não devo compartilhá-la.

Eu não gosto de leite, mas nem por isso vou achincalhar a imagem de quem gosta. Eu não tenho direito de querer que todos não gostem do que eu não gosto. Lá em casa, éramos cinco filhos e todo dia tinha leite na geladeira porque minhas irmãs gostam. Eu era minoria, tinha que aceitar. Eram as regras do jogo e sempre achei justas.

Ignorância não é a pessoa passar para frente uma notícia falsa. Ignorância é ela saber que é algo falso e mesmo assim compartilhar a informação com mais pessoas porque se trata de algo que atende a seus interesses pessoais. Agora, quando essa mesma pessoa é informada por alguém que se trata de uma fake news e mesmo assim não liga, pois o que interessa é atingir o alvo do seu ódio, passa a ser um caso de desvio de caráter mesmo.

O ano de 2018 será delicado para o futuro do Brasil porque teremos eleições gerais. Será necessário um esforço gigantesco para que notícias falsas não influenciem o eleitorado. Lembram-se daqueles panfletos apócrifos que eram espalhados nas ruas antigamente, falando barbaridades de determinado candidato? Então, é aceitável que o próximo presidente ganhe usando esse artifício? Fake news é isso, mas no mundo virtual, com um poder imenso de mudar a vida, mas de maneira torta.

Depois das redes sociais todo mundo passou a ter capacidade de produzir conteúdo. Mas isso não implica que o que seu vizinho redige é verdade. Na maioria das vezes ele nem sabe o que está dizendo. Ele geralmente escreve baseado no ódio que alimenta por algum grupo, pessoa ou situação. Já vi gente dando informação de acidente de carro sem nem ter passado perto do local.

O Brasil não vive a ameaça do comunismo. Trata-se de uma opinião de quem desconhece por completo o que é comunismo e o que é política. Usar esse tipo de argumento para convencer alguém significa que o sujeito ou é inteiramente desonesto ou inteiramente boçal. O comunismo só seria um modelo de governo caso o PCO ganhasse a eleição. Nem o Partido Comunista do Brasil é comunista. Não é só o político que precisa ser honesto. O eleitor também.

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