Home Editoriais Esportes Balanço Goianão 2018: falta de planejamento ainda prejudica times anapolinos

Anápolis, Anapolina e Grêmio avaliam 2018 e já começam a projetar nova temporada

ORISVALDO PIRES

Sem calendário no mínimo para os próximos nove meses, os clubes anapolinos são desafiados a adotar planejamento para a temporada 2019 e, ao mesmo tempo, se aproximar de um modelo de gestão profissional. Especialmente nos casos de Anápolis e Anapolina, para muitos, é inadmissível continuar com a instabilidade verificada ao longo dos anos, em que os clubes se revezam nas visitas à segunda divisão. Os investimentos anuais são altos e os resultados aquém do esperado.

A vulnerabilidade começa dentro das diretorias. Embora na época das eleições as chapas formadas sejam compostas de mais de uma dezena de dirigentes, menos da metade participa efetivamente da gestão. E mais grave, o peso da responsabilidade de saneamento financeiro fica nas costas de apenas um ou dois que, condicionados por esta realidade, também acumulam o poder total de decisões relacionadas ao clube.

No Anápolis, por exemplo, o fracasso na tentativa de uma relação duradoura com o empresário Francis Melo criou uma espécie de ‘vácuo’ de gestão. Esta situação foi agravada com o afastamento de André Hajjar da diretoria de futebol, no início de 2017, assim como a presença instável de Fernando Cunha na condição de presidente. Para suprir estas ausências, Degmar Pereira, então 2º vice, ascendeu à presidência, e para a direção de futebol foi chamado o ex-secretário de esportes e advogado Víctor Emanuel Ribeiro.

No final de 2017 o presidente do Conselho Deliberativo, José Paulo Tinazo bradou uma espécie de ‘grito por socorro’. Insatisfeito com a falta de apoio para arcar com as despesas do clube, condicionou sua permanência na diretoria à mudança de comportamento dos demais dirigentes. Também em 2018, após o novo rebaixamento para a segunda divisão, o dirigente voltou a cobrar: “do jeito que está, não dá”.

O presidente do Conselho, na verdade, quer mais gente ajudando a resolver os problemas. Seu mandato vence este ano. A ‘família tricolor’ precisa decidir se o clube quer que Tinazo permaneça ou não no comando tricolor. O departamento profissional vai permanecer um ano desativado. Apenas em abril ou maio de 2019 inicia a formação de comissão técnica e plantel para a disputa da Divisão de Acesso.

Até lá, o desafio é manter as conquistas alcançadas em 2018 para as categorias de base: o direito de disputar a primeira divisão do sub 17 e do sub 20. A comissão técnica do ano passado foi desmontada, com a demissão do técnico Alan George. Waldemar Lemos, que após o Goiano poderia ficar para comandar as bases, foi liberado sob argumento que seu salário estaria muito acima do que o clube poderia pagar, apenas para trabalhar com o departamento amador. Hoje, o supervisor Alberto Matos, que tem experiência com categorias de base, foi deslocado para atuar como técnico acumulando o comando do sub 17 e do sub 19.

Recomeço
A mudança ocorrida em 2017 na diretoria da Anapolina, com a chegada do projeto liderado pelo ex-deputado e ex-presidente do clube, Pedro Chaves Canedo, também deu início a uma nova realidade de gestão. O time vinha da disputa de uma divisão de acesso e da retomada das atividades das categorias de base após dez anos. E, é claro, de casa nova, fator que dá uma dimensão diferenciada ao projeto do clube, considerando as dificuldades estruturais experimentadas até então.

Mas o início de mandato do novo comando foi polêmico e até tumultuado. Apenas com a renúncia de um dirigente as coisas se acalmaram. Foi possível até uma reaproximação com integrantes da diretoria anterior, inclusive com o ex-presidente, Leandro Ribeiro. Aos poucos o clima foi se acalmando e a gestão encaixou. Mesmo com dificuldades, Pedro Canedo conseguiu manter alguns dos antigos patrocinadores e arregimentou novos apoiadores.

Com o respaldo de personagens como o vice do Conselho, Pedro Paulo Caiado Canedo; o presidente executivo, Paulo Nelli; e o vice executivo, Frederico Godoy, a diretoria colorada acertou com o técnico Vilson Tadei. O que antes era uma incógnita, após o Goianão se revelou decisão acertada. O clube trocou apenas um jogador durante o campeonato e, prejudicada pela arbitragem e pelo “preciosismo” do tribunal desportivo, ficou nas semifinais.

Dos quatro objetivos do clube para 2018, a metade foi alcançada: manutenção na primeira divisão e classificação para o Brasileiro da Série D. Não deu para chegar à Copa do Brasil e nem disputar a final do Goianão. Entretanto, gastou menos na primeira divisão de 2018 que o montante aplicado na divisão de acesso de 2017 e montou um time que “deu liga”, embora não tenha chegado à decisão. Em 2018 disputa a 2ª divisão do Goiano Sub 19.

Com a consolidação do Centro de Treinamentos – condição que precisa ser alcançada até o final de 2018 – o clube vai trilhar um caminho mais tranqüilo para planejar e montar a estrutura para a próxima temporada. Tanto para a disputa do Goianão e do Brasileiro Série D, quanto na ampliação dos espaços nas competições de base. A Anapolina ganha uma oportunidade considerável de mudar sua história. Caso consiga unificar suas forças, tem chance de alcançar o objetivo.

Consolidar
O Grêmio Anápolis demonstrou considerável evolução no processo de descobrir talentos e negociar jogadores para o futebol português. Em 2018 se manteve na primeira divisão e, por pouco, ficou fora da zona de classificação para o Brasileiro da Série D. Venceu os três jogos que disputou com os demais clubes locais: duas vezes a Xata e uma vez o Galo. O atacante Zé Uilton foi o grande destaque do time no Goianão.

Nesta temporada pelo menos quatro jogadores foram comercializados com clubes portugueses. O ala Bruno Leite foi emprestado ao Poços de Ferreira, 1ª Liga Portuguesa; o ala Clayton Salles e o goleiro Tony foram cedidos ao Leixões Sport Club, 2ª Liga Portuguesa; e o meia atacante Danúbio foi contratado por empréstimo pelo Futebol Clube do Porto, da 1ª Liga Portuguesa.

A diretoria do GEA anunciou nos últimos dias a renovação e contratação de jogadores. Gustavo Henrique, 18, ex-Trindade, está acertado. O goleiro João Vítor, o zagueiro João Santos e o volante Cristian renovaram contrato. Numa parceria com o Artsul, do Rio de Janeiro, contratou em definitivo o atacante João Magno, por cinco anos.

Após dez anos radicado em Anápolis, já há quem entenda que o Grêmio precisa dar novos passos na relação com a cidade. Um deles seria a construção de um centro de treinamentos, projeto que os dirigentes afirmam estar na agenda do clube há alguns anos. Depois a criação de categorias de base, para abrigar a grande quantidade de garotos que procuram oportunidade.

Destaques dos clubes anapolinos acertam com outras equipes

A qualidade do time que a Anapolina montou para a disputa do Campeonato Goiano de 2018 é atestada pelo número de atletas que, terminada a competição, se acomoda em clubes de expressão em Goiás e outros estados. Alguns são jogadores que, até então, eram desconhecidos para o futebol goiano, mas que conquistaram seu espaço. Outros são oriundos das bases ou têm contratos mais duradouros com os clubes.

O volante Bruno Henrique, por exemplo, que ainda tem dois anos de contrato com a Anapolina, tem o interesse do Vila Nova, do Botafogo (SP) e do Gurupi. Atletas da casa como o meia Guto e o atacante Dé também devem ser emprestados. No Anápolis, o ala Vitinho, 18, formado nas bases do clube, seria emprestado para o Atlético Goianiense até dezembro deste ano, para disputar o Brasileiro da Série B. No entanto, não passou nos exames médicos. O atacante Pedro Henrique também deve ser cedido por empréstimo. Em 2017 esteve no grupo do Atlético Goianiense no Brasileiro Série A.

O volante Gilberto Júnior, 29, que disputou o Goiano pela Xata, é o novo reforço do Goiás, para a disputa da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro da Série B. O atleta foi um dos destaques do time colorado na temporada. Já jogou em clubes como América (MG), CRB, Marília, além do futebol norte-americano e português.

O Goiás também contratou o atacante Jacó, 22, que antes da Xata havia passado por clubes como Bahia, Cuiabá e CSA. O atleta iniciou o Goiano como reserva, conquistou a condição de titular e marcou quatro gols no campeonato. Inicialmente, vai disputar o Campeonato Brasileiro Sub 23. E também o atacante Róbson, 24, destaque da Xata no Goiano com cinco gols marcados, pertence ao Ituano.

O meia Milton Júnior chamou atenção pela qualidade técnica, tanto na marcação quanto na saída com a bola. Aos poucos conquistou a confiança da comissão técnica e da torcida colorada. Agora vai disputar o Campeonato Brasileiro da Série D pelo Novorizontino, time tradicional do futebol paulista. O meia Esquerdinha está em conversação com o Vila Nova.

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