Home Editoriais Política Eleitorado é fiel, mas excesso de candidaturas pulveriza votos

Políticos pedem para eleitores votarem em candidatos da cidade, mas pulverizam potencial de votos com várias candidaturas

MARCOS VIEIRA

Ano de eleições gerais e mais uma vez os políticos levantam a bandeira de que anapolinos precisam votar em nomes da cidade, em uma tentativa de aumentar a representatividade na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. Ao analisar os números da última disputa, em 2014, fica claro que os eleitores locais votaram nos candidatos com domicílio anapolino. O problema ficou por conta dos partidos, que exageraram no lançamento de candidaturas e acabaram pulverizando o grande potencial de votos da cidade.

Na campanha passada, 25 candidatos a deputado estadual eram de Anápolis. Apenas um foi eleito, Carlos Antonio, na época pelo SD e hoje no PTB, depois de ter passado pelo PSDB em 2016.

Os 19 mais bem votados para o cargo em Anápolis naquele pleito são da cidade. O candidato de outro município mais bem colocado na lista foi o deputado estadual Henrique Arantes (PTB), mas mesmo assim em 20º lugar, com somente 2071 votos dos anapolinos.

Os 25 candidatos de 2014 conquistaram juntos 126.449 votos em Anápolis. Isso representa 68,4% dos 184.841 votos válidos para o cargo de deputado estadual computados pelo TSE. O percentual é expressivo, pois havia 847 nomes concorrendo a uma cadeira na Assembleia Legislativa em todo o Estado de Goiás e, lógico, a grande maioria buscou apoios na cidade.

Três concorrentes bateram a casa dos 15 mil votos: o reeleito Carlos Antonio, com 16.433 votos na cidade; José de Lima, do PDT, com 15.516 votos; e Onaide Santillo, do PSDB, com 15.138 votos. Outros dois romperam a barreira dos 9 mil: Pedro Canedo (à época no PP, hoje DEM), com 9960 votos, e Pastor Washington Luiz (na época no PSC), com 9061 votos.

Naquela disputa, 17 partidos resolveram lançar candidato a deputado estadual. Siglas como o PDT, PT, PHS, PSL, PEN e PSB colocaram na disputa dois nomes. O PTN foi além, com três postulantes. Somente SD, PSDB, PP, PSC, MDB (na época PMDB), PROS, PR, PSD, PRB e PRTB apresentaram apenas uma candidatura ao eleitor anapolino.

FEDERAL
Para deputado federal, o percentual é menor, embora proporcionalmente a fidelidade do eleitor anapolino tenha sido maior, pois havia somente quatro nomes da cidade no pleito. Rubens Otoni (PT), Alexandre Baldy (na época PSDB, hoje PP), Frei Valdair de Jesus (na época PTB) e Fabrício Lemos (PSOL) conquistaram 100.243 votos de um total de 180.848 válidos. Ou seja, 55,4% votaram nos candidatos locais. Dois foram eleitos, Rubens e Baldy – o segundo hoje está licenciado, pois assumiu o Ministério das Cidades.

Os anapolinos votaram em 91 candidatos a deputado federal, mas 54 tiveram menos de 100 votos, muito pouco para uma disputa de um cargo que exige um número considerável para ser eleito.

Neste ano o cenário parece não ser diferente em relação ao número de candidaturas, embora postulantes e partidos insistam com a tese de que o aumento de representatividade passa pela fidelidade do eleitor local.

PLURIPARTIDARISMO
É lógico que diante de um pluripartidarismo como o visto no Brasil, com 35 siglas registradas no TSE, é impossível um baixo número de candidaturas. Afinal, é durante uma campanha que uma agremiação firma suas posições, portanto é natural que ela queira colocar nomes na disputa.

O que acontece em Anápolis é que diante do fracasso da baixa representatividade, utiliza-se o discurso fácil de que a culpa é do eleitorado que não valoriza os nomes locais. Não é bem assim que acontece.

Além disso, a maioria dos candidatos apresenta como único atrativo para o eleitor o fato de ser anapolino. A luta pelos interesses da cidade de origem é para o detentor de mandato parlamentar uma condição básica, óbvia até, e nem deveria ser alardeada.

O que se espera é a apresentação de bandeiras de luta caso eleito e propostas concretas do que é possível fazer pela cidade. O domicílio eleitoral não é determinante para a escolha do eleitor. Deve ser levado em conta, mas não convence quando não há um mínimo de propostas para o bem da coletividade.

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