Home Últimas Notícias Hoje é dia nacional do futebol

A data celebra o esporte mais popular do Brasil, aquele que consegue mobilizar milhões de pessoas no País. Desde 1976, por iniciativa da CBF, o Dia Nacional do Futebol é comemorado no dia 19 de julho.

Publicado: 18.07.2022

O escritor, jornalista, romancista, teatrólogo, contista, cronista de costumes e de futebol, Nelson Rodrigues, tem em sua biografia várias frases famosas sobre o esporte, considerado por muitos como paixão nacional brasileira. Entre tantas, vale o destaque de duas dessas frases para discorrer, a seguir, sobre o Dia Nacional do Futebol e a razão do transbordante amor que esse esporte costuma despertar.

Para o famoso e controverso escritor, dono de tantos outros talentos e um flamenguista de carteirinha “muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos” e “em futebol, o pior cego é o que só vê a bola”.

Nelson Rodrigues sabia, como poucos, traduzir esse sentimento nacional pelo futebol, esporte das massas, e, assim que desembarcou no Brasil, grudou na alma do povo e encontrou um espaço permanente no coração de milhões de brasileiros. Tanto que, em 1976, ganhou uma data exclusiva para ser celebrado. O Dia Nacional do Futebol é comemorado em 19 de julho.

A data foi escolhida e criada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O objetivo foi homenagear um time do Rio Grande do Sul, o Sport Clube Rio Grande, fundado em 19 de julho de 1900. Esse foi o primeiro time registrado como clube de futebol no Brasil e é o clube há mais tempo em atividade no País.

Porém, chega a ser engraçado todo esse amor do brasileiro pelo futebol, pois o ato de correr atrás de uma bola em um campo não é uma invenção genuinamente nacional. Apesar da sua popularidade entre nós, o futebol nasceu na Inglaterra, em 1863, e foi introduzido, oficialmente, como esporte no Brasil por Charles Miller, em 1894. Se veio da Europa, não importa, o esporte caiu nas graças da população e, 128 anos depois, se consolidou como o mais celebrado entre todas as demais atividades esportivas praticadas no País.

História do futebol no Brasil

A primeira partida de futebol no Brasil data de 1º de agosto de 1901, e foi realizada em Niterói, estado do Rio de Janeiro. A disputa, entre uma equipe brasileira e outra inglesa, terminou em 1×1. Porém, o esporte demorou um pouco para se expandir e se tornar conhecido e praticado por um grande número de pessoas.

Até a década de 1920 o futebol era um esporte de elite no Brasil. Integrantes negros eram raros e sofriam preconceito. Aos poucos, essa situação foi mudando. O esporte popularizou-se e passou a fazer parte também de bairros pobres de grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.

Com a profissionalização do futebol, foram criados alguns clubes que hoje são consideramos os “grandes do futebol brasileiro”, como: Fluminense (1902), Corinthians (1910), Grêmio (1903), Internacional (1909), Atlético Mineiro (1908), Palestra Itália (1914) – atual Palmeiras. E alguns clubes de remo, esporte popular na época, criaram departamentos de futebol, como é o caso de times como: Botafogo (1904), Flamengo (1911) e Vasco da Gama (1915).

Os clubes se expandiram, se profissionalizaram e o futebol brasileiro foi se consolidando numa potência nacional e internacional. Tanto que, para coordenar a expansão do futebol, as ligas, que estavam sendo criadas, e uma seleção nacional para competir em Mundiais de Futebol e Olimpíadas, em 1916, foi criada a Confederação Brasileira de Desportos (CBD).

 Paixão e conquistas

Atualmente, o Brasil é o país com mais títulos mundiais de futebol. São cinco: 1958, 1962, 1970, 1994 e o último em 2002. Na América do Sul, o Brasil é o terceiro com maiores conquistas de Copa América. São nove títulos alcançados ao longo de mais de 100 anos, e, além disso, acumulamos quatro Copas das Confederações e dois Campeonatos Pan-Americanos. Nos Jogos Olímpicos temos sete medalhas, sendo duas delas de ouro, em 2016 e, mais recentemente, em 2021.

Não vivemos só de glórias. Também acumulamos decepções, inclusive quando sediamos, por duas vezes, a Copa do Mundo de Futebol, em 1950, e, em 2014. No primeiro mundial disputado no Brasil, em 1950, nossa seleção perdeu na final para o Uruguai em pleno Maracanã lotado. Sessenta e quatro anos depois, a seleção brasileira teve novamente a chance de ser campeã em casa, mas sofreu sua maior derrota da história: perdeu de 7×1 para a Alemanha, na semifinal, em Belo Horizonte.

Mas driblamos esses tropeços com outros números favoráveis do nosso futebol. O País tem o maior jogador de todos os tempos, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. Além do “Rei do Futebol”, outros nomes importantes para o futebol nacional e mundial são Garrincha, Leônidas da Silva, Nilton Santos, Didi, Carlos Alberto Torres, Ademir da Guia, Jairzinho, Zico, Rivelino, Gérson, Tostão, Sócrates, Falcão, Careca, Romário, Ronaldo e Ronaldinho e Neymar para citar alguns.

Os clubes brasileiros também já fizeram história no mundo. Na década de 1960, o Santos, de Pelé, Pepe e Coutinho, encantou o planeta e conquistou dois títulos intercontinentais, em 1962 e 1963. Outros times brasileiros que conquistaram o mundo foram Flamengo, Grêmio, Internacional, Corinthians, Palmeiras e São Paulo, esse último por três vezes.

Importância do futebol brasileiro

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o futebol brasileiro possui 800 clubes profissionais, 13 mil times amadores e 11 mil atletas federados. O esporte movimenta R$ 16 bilhões por ano, tem 30 milhões de praticantes, o que representa 16% da população total brasileira. Dos oito atletas mais bem pagos do mundo, três são do futebol e um deles é o brasileiro Neymar Júnior. O jogador, hoje no Paris Saint-Germain, recebe 4,08 milhões de euros mensais, cerca de R$ 22 milhões.

Competições

As maiores competições nacionais de futebol são o Campeonato Brasileiro, também conhecido como Brasileirão, e a Copa do Brasil. O primeiro teve sua origem em 1971, mas em 2010 a CBF reconheceu a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, disputados nas décadas de 50 e 60, como campeonatos nacionais. A primeira Copa do Brasil aconteceu em 1989.

No começo de cada ano são disputados os campeonatos estaduais. Antigamente, essas competições atraíam um grande número de torcedores e os títulos eram almejados pelos clubes. No entanto, o prestígio dessa competição caiu em alguns estados, servindo hoje como uma pré-temporada para grandes clubes se prepararem para os campeonatos nacionais e internacionais.

E engana-se quem pensa que futebol é só para os homens. As mulheres também se apaixonaram pelo esporte. No Brasil, os campeonatos femininos não se firmaram ainda, mas, em 2007, a Seleção Brasileira de Futebol Feminino conquistou o vice-campeonato mundial. Uma das maiores jogadoras mundiais de futebol também é brasileira. A atacante alagoana Marta da Silva, ou simplesmente Marta, conquistou, com a seleção, a medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos de 2003 e 2007, liderando a artilharia da competição, com 12 gols nesses últimos. Foi, ainda, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 2004 e 2008. Marta foi eleita, também, a melhor futebolista do mundo por seis vezes, sendo cinco de forma consecutiva.

Voltando a referência ao grande Nelson Rodrigues, sua paixão pelo futebol era tanta que chegou a produzir o livro “A Pátria de Chuteiras”. Na obra, publicada após sua morte, ocorrida em 1980, ele considera o futebol como elemento importante para se compreender a nossa sociedade. Em quarenta crônicas, o autor fala do esporte mais popular do Brasil além das quatro linhas.

No livro, Rodrigues incluiu a frase “complexo de vira lata”. Ele quis dizer que, até nosso patriotismo, muitas vezes só se manifesta quando vestimos a camisa “amarelinha” da seleção. Para ele, é quando nos sentimos mais importantes em relação às grandes nações. Não é para menos. O futebol, resguardadas a proporções, nos tornou um pouco mais conhecidos em todo o mundo. No entanto, o próprio Nelson Rodrigues deixou claro em suas crônicas que, apesar das paixões, é preciso ver além da bola e que não se faz futebol apenas com bons sentimentos. Outros interesses, além dos sentimentos, podem nos mover, mas a paixão pelo nosso clube ou pela seleção é que nos inspira. Aliás, esse ano, em novembro, com ou sem “complexo de vira lata”, vamos, mais uma vez, demonstrar essa paixão pelo futebol. Na Copa do Mundo do Catar estaremos juntos na mesma emoção, em busca do hexa campeonato.

Fonte: Assembleia Legislativa de Goiás

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