Home Geral Medo da própria sombra

ORISVALDO PIRES

As pessoas estão sufocadas pelo medo da criminalidade, que cresce a cada dia e chega mais perto delas. Hoje toda família tem a triste experiência de um caso de violência a que foi vítima ou conhece alguém bem próximo que foi. Os crimes se multiplicam e são cada vez mais bárbaros. A experiência vivenciada em Anápolis, nos dias atuais, são exemplos claros dessa situação. Em menos de cinco meses foram registrados quase 60 homicídios dolosos. Mais de 11 assassinatos por mês.

A crescente onda de violência contrasta com o baixo número de policiais nas ruas da cidade. Embora alguns mais entendidos em segurança pública ponderem que não é a quantidade de policiais que impede a ocorrência de práticas criminosas, do outro lado dessa história o cidadão tem absoluta certeza que, se o contingente fosse maior, a bandidagem se inibiria da prática de muitos dos delitos atualmente registrados.

Os policiais que estão nas ruas se desdobram para cumprir com sua responsabilidade, muitas das vezes submetendo-se a condições sub-humanas de carga de trabalho. A informação é que nunca se prendeu tanto quanto o que se prende nos dias de hoje. O que reporta a outro problema crônico: a falta de vagas na Cadeia Pública. Alguém que comete um crime hoje e está nas ruas amanhã de novo.

A face da morte em Anápolis tem algumas características intrigantes e preocupantes. A maioria é motivada de alguma forma pelo consumo e tráfico de drogas. E, se forem analisadas de forma detida as mortes violentas registradas na cidade nos últimos anos e, especialmente, em 2015, conclui-se que, mais que homicídios e assassinatos, o que se vê nessa estatística são execuções. Pessoas são mortas com cinco, dez, quinze tiros.

E como se não bastasse o cidadão ser violentado em todos os seus direitos básicos, em sua dignidade como ser humano e na ameaça ao maior bem que a pessoa tem, a vida, os criminosos ainda adotam postura desafiadora ao Estado. Assaltos e assassinatos deixaram de ser praticados na sombra protetora da noite. Hoje são cometidos à luz do dia, em qualquer lugar, como se nada atemorizasse os fora-da-lei.

Alguma coisa precisa ser feita, urgentemente. A contração de aprovados no último concurso da Polícia Militar é iniciativa importante, embora seja de conhecimento público que chegam para suprir a dispensa dos policiais temporários do Simve que foram dispensados por ordem do Supremo Tribunal Federal. Talvez seja necessário também repensar o comportamento, a estratégia de segurança. Que algo seja feito, urgente. As pessoas não suportam mais viver sem liberdade, com medo da própria sombra.

 

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