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Instituto divulga balanço sobre avanços e desafios ainda a serem vencidos em conjunto com o município

Publicado: 05.07.2023

Maior Unidade de Pronto Atendimento 24 horas (UPA) da região Centro-Oeste, a unidade de Anápolis, inaugurada em julho de 2014, possui capacidade para atender, diariamente, cerca de 400 pessoas, em várias especialidades médicas, como clínica-geral e odontologia. Também são oferecidos serviços multidisciplinares como assistente social; nutricionista; farmacêutico; enfermeiro; biomédico; e técnicos de enfermagem, laboratório e radiologia. Neste mês de junho, a UPA da Vila Esperança completa 1 ano sob a administração da Organização Social INDSH – Instituto de Desenvolvimento Social e Humano, que divulgou um balanço que reflete conquistas e desafios ainda a serem vencidos em conjunto com o município.

Entrevistado, o diretor da unidade, Sebastião Bismarques da Silva, falou sobre esse balanço e esclareceu dúvidas em relação ao serviço prestado. Natural de Rondonópolis MT, com formação em direito e experiência em gestão de unidades hospitalares, Bismarques, como é conhecido, trabalhou na Secretaria de Saúde do Estado de Tocantins entre 1997 a 2003, no hospital de urgências de Anápolis de 2005 a 2017, passando pelo Hospital Delphina Aziz e Upa Campos Sales em Manaus, unidade administrada pelo Instituto Nacional do Desenvolvimento Social e Humano sediado em São Paulo.

Bismarques, como você poderia descrever a UPA da Vila Esperança?

Bismarques – Ela é composta de recepção, farmácia, sete consultórios médicos e um odontológico, salas de procedimentos – sutura, curativo, medicação, raio-x e eletrocardiograma -, e laboratório de análises clínicas. São 18 leitos de observação (masculino, feminino e infantil), dois leitos de isolamento, sala de urgência com quatro boxes de reanimação, salas de espera para acompanhantes, enfim, uma estrutura adequada para a realização de atendimentos com qualidade que garantem o bem-estar tanto de pacientes quanto de servidores. São mais de 3.300 metros quadrados de área construída.

Existe algo a se comemorar nesse 1o ano de administração?

Bismarques – Em chamamento realizado em 2021/2022 para administração da UPA Dr. Alair Mafra de Andrade, no qual o INDSH sagrou se vencedor, foi feito o convite pelo Dr. José Luiz Gasparini Diretor Operacional da região Norte/Centro-Oeste para que assumíssemos a Diretoria Executiva da Unidade. Nesse 1º ano conseguimos melhor os fluxos de atendimento, tempo de atendimento melhoria na resolutividade de atendimento aos usuários e promovemos um grande trabalho de humanização.

Mas sabemos que nem tudo são flores. Deve existir algo que ainda precise ser feito para melhorar o atendimento, certo?

Bismarques – Claro. Mas posso citar algo que tem sido nosso maior desafio dentro desse tempo de administração e que devemos trabalhar para resolver. Trata-se da falta de aceite em transferências de pacientes, impactando na qualidade do atendimento. Também posso citar a alta permanência de pacientes na unidade, a sobrecarga da equipe, a falta apoio das Unidades Básicas de Saúde e a confusão quanto ao papel da UPA na rede de atendimento.

Em “off”, você estava comentando que muitos atendimentos realizados na UPA acontecem por conta dessa confusão da população, resultando em sobrecarga. Poderia explicar isso melhor?

Bismarques – Toda UPA conceitualmente é uma unidade de pronto atendimento, ou seja, essa unidade atende pacientes em situação de urgências clinicas, para estabilização e posterior inserção no complexo regulador. Isso significa que o paciente deve ser transferido para outra unidade, com tempo de permanência de máximo 24h na observação e 4h para pacientes em situação de emergência (entubado). Entretanto 65% dos pacientes que procuram a UPA são de perfil verde, ou seja, pacientes que deveriam se dirigir às Unidades Básicas de Saúde (UBS).

Muitos pacientes reclamam da demora no atendimento da UPA da Vila Esperança. O Hospital possui quadro completo de profissionais e insumos suficientes para garantir seu pleno funcionamento?

Bismarques – A unidade é do tipo III, e cumpre com os requisitos para atender um município com número de habitantes entre 200 e 300 mil, ou seja, até 450 atendimentos por dia, disponibilizando 6 médicos, 15 leitos de observação, 4 leitos de sala vermelha (urgência), com ocupação na sala vermelha de 4 pacientes e 18 em observação. No entanto, desde que assumimos, a UPA tem chegado a 15 mil atendimentos, numa flagrante sobrecarga em relação ao serviço contratado junto à administração municipal. Em dias de segunda a quarta, temos mantido 6 médicos somente na porta, 1 cirurgião, 1 sala amarela e 1 sala vermelha acima do contratado, ficando a ocupação da sala vermelha em 9 pacientes e 30 em sala de observação.

Realmente trata-se de uma flagrante sobrecarga. O que poderia mudar essa realidade, para que, no próximo ano, essa sobrecarga fosse menor ou até zerasse?

Bismarques – Com certeza uma conscientização dos usuários do serviço público de saúde. Os pacientes precisam entender que os atendimentos clínicos que demandam consulta médica são feitos nas UBS e que a UPA é para casos graves ou urgentes. Só assim seremos realmente capazes de cumprir a padronização de atendimento e a utilização parcimoniosa dos recursos repassados.

As Organizações de Saúde (OS) são realmente uma boa saída para garantir a eficiência dentro dos hospitais públicos?

Bismarques – Sim. As Organizações Sociais, a meu ver, cumprem com o seu papel, que seria garantir eficácia e celeridade nas ações, como também a utilização parcimoniosa dos recursos que estão disponíveis para a Saúde. Creio que o modelo já demonstrou essa eficiência e eficácia ao longo dos anos, em diversos hospitais públicos, sendo sob minha ótica irreversível esse modelo de gestão.

E por que vemos tantas denúncias na mídia envolvendo a UPA da Vila Esperança?

Bismarques – Inicialmente poderíamos dizer que, sendo a única unidade “porta aberta” na cidade, e absorvendo todos os tipos de atendimentos, mesmo não sendo seu perfil, a UPA da Vila Esperança termina por ser um alvo fácil para a mídia, haja vista que, não existe uma outra porta de entrada para atendimento. E, apesar de sobrarem críticas, posso assegurar e comprovar que a grande maioria delas é falsa. Cobram algo que não temos a função de oferecer, até porque os pacientes e, mesmo a mídia, não têm o entendimento sobre o perfil de atendimento da unidade. Na busca por audiência ou por “likes” e comentários nas redes sociais, ignoram os protocolos de atendimento por classificação, taxando de demora os atendimentos que classificamos como não graves ou urgentes. Temos cumprido com rigor o tempo de espera exigido nos protocolos que nos cabem, ou seja, estamos absorvendo toda a demanda de pacientes graves que chegam até nós. Conseguimos atender ainda as fichas verdes, sem gravidade. Mas estas, precisam realmente aguardar mais um pouco ou os pacientes se dirigirem às UBS, que possuem perfil para esse tipo de atendimento, sendo mais eficientes nesses casos.

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