Home Editoriais Cidades Cancelamento da campanha contra raiva não gera alerta

Vacinas são disponibilizadas pelo Centro de Controle de Zoonoses durante todo ano; não há informação sobre doses para humanos, em caso de ataque de animal contaminado

LUIZ EDUARDO ROSA

Goiás não terá campanha da vacinação antirrábica esse ano por determinação do Ministério da Saúde. A imunização de cães e gatos estava acontecendo, tradicionalmente, no mês de setembro. Segundo o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Anápolis não sofrerá com a ausência da vacinação em massa porque disponibiliza a proteção aos animais durante todo o ano. Porém, avalia o órgão, perde-se a oportunidade de se conscientizar a população sobre o problema.

A realização da campanha de vacinação contra a raiva animal estava mantida até o início desse mês, quando informes do Ministério da Saúde à Secretaria Estadual de Saúde anunciaram a suspensão. Os Estados brasileiros que passarão a ser prioritários serão Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Acre, Rondônia, Amazonas, Roraima e Amapá. Os outros estados estão com a campanha em suspenso, no aguardo de um novo calendário.

Segundo a diretora do CCZ, Elisângela Sobreira, a lógica atual do Ministério da Saúde tem sido, inclusive, verificar o estoque nos estados, para a partir daí atender aqueles que carecem mais da vacina. É claramente um racionamento.  A demanda pela vacina antirrábica é analisada pelo índice de casos de raiva no município. Como em Anápolis esse número é baixo, a cidade deixa de ser prioridade.

Esse dado positivo em Anápolis é resultado justamente da estratégia de oferecer a vacina durante todo o ano. Eventos como o programa Prefeitura nos Bairros têm a participação do CCZ. Doses da vacina também são enviadas aos hospitais veterinários das faculdades. Há também uma boa procura pela antirrábica por moradores da zona rural.

Quando questionada se a falta da campanha traria problemas ao município, Elisângela Sobreira explicou que não há a preocupação pela larga oferta da vacina. “Não haverá problemas pela falta da campanha e pelo quadro em que se encontra Anápolis, o que se perde com essa irregularidade do calendário é a possibilidade maior de conscientização”, afirma a diretora.

Com a campanha, a o impacto na imunização periódica nos animais para erradicar a proliferação do vírus da raiva é maior. A vacina tem o efeito de imunização de um ano.

 

Disponibilidade

Em 2010, um fornecedor do Ministério da Saúde das vacinas antirrábica estava com um lote que trouxe vários problemas, inclusive com morte de 217 animais vacinados em todo o país. Em 2012 foi retomada a vacinação de cães e gatos no mês de setembro. Desde o ano passado, houve um número menor de vacinas e o governo federal passou a racionalizar o uso alterando o calendário de vacinação e priorizando os estados com maior ocorrência em animais e humanos.

A raiva animal é uma doença causada por um vírus e pode contaminar qualquer mamífero. Para os cães e gatos o contágio do vírus se dá por diferentes formas como o contato com a mucosa através da saliva, arranhões e mordidas.  Para os cães e gatos a raiva pode ser letal, porém para que o animal venha à óbito leva muito tempo de exposição à doença. Para os humanos o contágio do vírus da raiva é letal e ainda não há comprovação oficial de cura para a doença. Neste sentido, para os humanos o procedimento é um tratamento profilático com imunoglobulinas para reter a evolução do vírus, o que pode dar sobrevida maior ao paciente. No caso do animal raivoso, não há tratamento e a única opção é o sacrifício.

A reportagem solicitou dados à Secretaria Municipal de Saúde sobre casos de contágio de raiva em humanos e sobre a disponibilidade nos postos de saúde de vacina para barrar a evolução do vírus em pessoas que tenham sido mordidas por animais contaminados. Até o fechamento dessa edição não houve retorno à reportagem.

 

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