Home Editoriais Política “Ensinar as pessoas a amar é acabar com o preconceito”, diz Onaide...

Onaide Santillo assume Secretaria Cidadã e fala sobre o desafio de buscar igualdade racial e para as mulheres na sociedade goiana

ANA CLARA ITAGIBA

A anapolina Onaide Santillo (PSDB), ex-deputada estadual, assumiu interinamente a Secretaria Estadual da Mulher, do Desenvolvimento Social, da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos e do Trabalho – ou simplesmente Secretaria Cidadã – com a saída do comando da pasta da deputada estadual Lêda Borges (PSDB), candidata à reeleição neste ano. Onaide, que até então era superintendente de Direitos Humanos, conversou com a reportagem do JE para falar sobre os desafios da nova função.

Como foi que a senhora recebeu o convite para a Secretaria Cidadã?
O governador [Marconi Perillo] tinha me chamado, desde o início deste governo para servir na Superintendência Executiva dos Direitos Humanos, que abrange o atendimento à política de imigração, a política de pessoas em situação de rua, a política da criança e do adolescente, as políticas do combate à tortura e do trabalho escravo. Já era uma superintendência com um volume bem grande de trabalho. No caso, a secretária Lêda Borges, que durante este tempo estava à frente da pasta, precisou se desincompatibilizar, já que ela é candidata à deputada estadual [reeleição] nas eleições. Então o governador teria um nome ou vários nomes para ocupar a secretaria no lugar da deputada Lêda Borges. Como não houve um consenso, e eu não sei o motivo, não me diz respeito, o governador me pediu que assumisse interinamente a secretaria. Como eu já tinha essa experiência da Superintendência dos Direitos Humanos, o governador imaginou que eu poderia fazer um bom trabalho à frente desta pasta até a chegada do novo secretário. Então eu estou interinamente na secretaria, mas com um domínio muito grande no meu trabalho como superintendente dos Direitos Humanos e tenho um conhecimento muito vasto em todas as ações.

Apesar da interinidade, é possível realizar algumas ações?
Sem dúvida. Nós estamos aqui com novos projetos que já estavam sendo encaminhados. Nós temos um projeto aqui de grupo reflexivo para autores de violência doméstica. Esse projeto já existe em Goiânia, juntamente com o Tribunal de Justiça e com o grupo de Psicologia da PUC-GO. Em Anápolis nós vamos implementar esse programa através do apoio do Fórum, que são os juízes da área criminal, o apoio do Tribunal de Justiça, Faculdade Raízes e do curso de psicologia da Unievangélica. O Conselho Nacional de Justiça instituiu esse trabalho porque a violência doméstica tem um motivo, seja o alcoolismo, ciúmes ou falta de sociabilidade. Isso precisa ser estancado, porque mesmo que o autor de violência doméstica seja punido, em outro relacionamento ele continua sendo violento. Então é importante nós termos uma reflexão para parar essa violência. Esse grupo já está com dois anos de funcionamento e vamos levar para Anápolis e outras cidades de Goiás. Esse grupo se reúne uma vez por semana, em que o autor de violência doméstica recebe como parte da sentença a obrigação de frequentar esse curso. Então é um trabalho de parceria com o Fórum, a Unievangélica, a Faculdade Raízes e a Superintendência da Mulher e do Direitos Humanos.

Tem alguma ligação com a Patrulha Maria da Penha?
A Patrulha Maria da Penha é outro apoio que nós temos para combate da violência contra mulher. É interessante você falar sobre isso. A Patrulha Maria da Penha está completando dois anos em Anápolis. O trabalho que está sendo realizado vai muito além de prender o autor de violência doméstica. O objetivo é justamente evitar essa violência, seja a verbal ou psicológica. Isso tudo é motivo para chamar a Patrulha Maria da Penha, que vai trabalhar com o casal, vai trabalhar com a mulher e com o agressor para que ele possa refletir sobre a agressão dele. Isso é importante porque vai levar a atitudes de bem-viver para a família. A Patrulha Maria da Penha é importante porque trabalha com trabalho preventivo de fatalidades.

Quanto tempo a senhora ficou à frente da Superintendência de Direito Humanos?
Foram três anos. Nesse período nós pudemos implantar em Goiás o Comitê de Políticas para Migração. Nós sabemos que o nosso Estado tem sido alvo de imigrantes, principalmente de haitianos. Além disso, tem os venezuelanos, mas os haitianos são os que estão em maior número. Muitos chegam com o passaporte humanitário, por conta do terremoto que aconteceu no Haiti. Eles chegam precisando trabalhar, precisando de carteira de trabalho e quando isso acontece o comitê chega fazendo uma articulação. Nós temos também o Comitê de Combate ao Trabalho Escravo. Sabemos que em Goiás foram poucos casos. Se eu não me engano apenas três foram registrados que eram análogos ao trabalho escravo no Estado. Eram pessoas que trabalhavam de forma degradante. E nós intervimos nesses casos, além do combate a tortura. Então esses foram alguns dos trabalhos que nós realizamos nesse período.

Há avanços nos últimos anos no que diz respeito à igualdade racial e aos direitos das mulheres em Goiás?
Interessante essa colocação sua. A igualdade racial é buscada por todos nós. Se você perguntar para a maioria das pessoas se ela é racista, ela vai negar, mas nós sabemos que infelizmente existe o racismo. As pessoas não têm coragem de dizer, mas no fundo tem preconceito sim. Mas além do preconceito racista e de origem, tem muito preconceito social, que é quando a pessoa sofre discriminação pelo jeito dela se vestir, por exemplo. Então, o nosso objetivo tem sido eliminar essas questões, para que sejamos uma sociedade igualitária, de dignidade de tratamento a todos. Essa é uma linha de pensamento nossa. Nelson Mandela disse a seguinte frase: “Nenhuma criança nasce odiando a pessoa pela sua cor, pela sua origem ou pela sua posição social. Se uma pessoa passa a odiar, ela pode ser ensinada a amar”. Então nós precisamos ensinar as pessoas a amar. Isso é a única forma de acabar com o preconceito.

Qual a importância dos programas sociais implantados pelo PSDB em Goiás nos últimos anos?
O governador é um gestor muito atento à população. Seja por meio de estradas ou atração de novas indústrias para o Estado. Isso tem sido feito com o equilíbrio da sua gestão e do olhar extraordinário, de atenção muito grande às pessoas que lutam pela sociedade e que tem vulnerabilidade. Por exemplo, o governador instituiu o Passe Livre Estudantil que é para todos os estudantes. Outro programa é a bolsa de estudos para aqueles alunos que precisam ir para a universidade [Bolsa Universitária]. Esses são programas assistencialistas, programas que garante o direito dos jovens que não tem como pagar a faculdade. Há também a Renda Cidadã, que é um programa para pessoas com mais dificuldades financeiras. Esse programa dá preferência para as pessoas em estado de vulnerabilidade, para as famílias que tem uma pessoa com deficiência e as pessoas idosas. É um programa de transferência de renda, para diminuir essa grande diferença social que nós temos na sociedade brasileira.

Haverá alguma mudança com a posse de José Eliton como governador?
O José Eliton tem acompanhado o governador ao longo de tantos anos de governo. Só ele respondeu a várias secretarias. Ele foi secretário de Segurança Pública, secretário de Planejamento. Por isso ele conhece tão afundo o governo. Ele se mostrou nessas oportunidades de trabalho um grande gestor e também fará bem para o estado como o governador Marconi Perillo. Nós estamos com uma gestão equilibrada, o pagamento dos funcionários públicos está em dia, os servidores que recebem menos que R$ 5 mil receberam agora o auxílio refeição de R$ 500,00. Então essa tem sido uma gestão de obras públicas, de um jeito de olhar para as pessoas que tem mais necessidade. Isso também é uma linha de trabalho do vice-governador. Então eu não me preocupo com qualquer mudança que seja desses direitos que foram adquiridos. Acredito que poderemos ter mais direitos. O José Eliton trabalhou com o governador Marconi Perillo e teve todo o empenho para que tivesse sucesso junto a ele. Nós vamos continuar tendo um governo voltado para obras públicas, com uma gestão equilibrada. Diante da crise que nós atravessamos, Goiás nunca deixou de oferecer emprego. Em alguns lugares foi exatamente o contrário, foram mais desempregados do que a oferta de empregos. Goiás tem seguido bem em questão de empregos. Isso é fruto de uma administração que com certeza o José Eliton vai continuar.

A senhora pretende disputar as eleições?
Não. Já decidimos, em família, que esse ano eu não vou disputar. Vou trabalhar porque eu gosto de política e acho que todos nós devemos ter essa responsabilidade pública, mas realmente o meu nome não será colocado em nenhuma candidatura.

PERFIL

A Secretaria de Estado da Mulher, do Desenvolvimento Social, da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos e do Trabalho (Secretaria Cidadã) foi criada em substituição a Secretaria de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Social (Semira) e a Secretaria da Cidadania e Trabalho (Sect) além da área de Direitos Humanos que era uma superintendência ligada à Secretaria de Segurança Pública.

Dentre as competências da Secretaria Cidadã estão:
– Formulação e execução da política estadual voltada para as mulheres, em como atividades de promoção da igualdade racial;
– Formulação e execução da política estadual de assistência social, de defesa e promoção do emprego e da cidadania; formulação da política de formação; qualificação e capacitação de pessoas visando ao emprego; supervisão, coordenação, acompanhamento e controle da implantação de projetos de cooperativismo;
– Execução de atividades voltadas para a proteção aos direitos humanos e do consumidor.

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