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“A cidade está cheia de carros, até achar um estacionamento correto vai levar muito tempo, não tenho paciência”, disse à reportagem um motorista que parou em um local proibido

LUIZ EDUARDO ROSA

Anápolis tem 244.688 veículos, de acordo com dados de agosto do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Não é só o tamanho da frota que revela a importância de caminhões, motos e carros na vida da cidade. Anualmente, milhões de reais são gastos para recuperação da malha viária e, nessa última semana, a prefeitura lançou um pacote de obras no valor de R$ 74 milhões voltado somente para a mobilidade urbana.

E nesse universo motorizado, essencial em uma cidade que cresceu rapidamente nos últimos 20 anos, a tendência parece ser o desrespeito às regras de trânsito. Os flagrantes estão em todas as regiões. Simples proibições de estacionamento são solenemente ignoradas. Em algumas vias, o fluxo é interrompido porque cada um age de acordo com sua conveniência.

Apesar das placas de sinalização estarem em bom estado, nos pontos onde a reportagem do JE percorreu, não há respeito algum por parte dos motoristas. A impaciência para fazer corretamente os retornos e buscar o local correto para estacionar levam os condutores a estacionarem em locais proibidos e em esquinas.

“A cidade está cheia de carros, até procurar um estacionamento correto vai levar muito tempo, não tenho paciência e também não quero estacionar tão longe para ter que andar demais”, afirma um motorista que, por motivos óbvios, não quis se identificar. Ele estava na Rua 14 de Julho, no Centro.

O logradouro recebe uma intensa movimentação de comerciantes atacadistas e consumidores. Na mesma via, nas proximidades do camelódromo, fileiras inteiras de carros estão estacionados em locais com placa de proibido estacionar.

Carros estacionam nas esquinas e com distancia do meio fio dificultando a manobra e a visão de motoristas que estão em circulação nos cruzamentos da rua, realidade encontrada tanto na Rua 14 de julho como em outras vias da cidade. Outros locais desrespeitados são as faixas de “Pare” e de pedestre espalhadas pela cidade.

São comuns os flagrantes de desrespeito nos retornos da Avenida Brasil sentido norte. Com a impaciência de ir até o viaduto Nelson Mandela, motoristas fazem o retorno em local proibido. “A sinalização acaba tirando a simplicidade dos sentidos do trânsito que temos costume em fazer”, afirma outro motorista que não quis se identificar. A impaciência de fazer o fluxo correto do trânsito em momentos de poucos veículos não geram problemas, apesar do desrespeito, porém com o grande fluxo acaba por aumentar ainda mais os engarrafamentos e filas de espera de carros.

A cidade com 244.688 veículos e uma malha viária extensa, com diversas regiões com grande concentração de pessoas porque são eixos de comércio e serviços, tem somente 47 agentes fiscais de trânsito ligados à CMTT. “Nós não vemos os agentes de trânsito nas ruas, os motoristas acabam fazendo o que querem”, afirma um dos motoristas entrevistados.

Entre os locais onde a reportagem registrou o desrespeito à sinalização, na Rua Capitão Silvério, no Jundiaí, está um dos acessos à Câmara Municipal, onde em dias de sessões carros são estacionados em local proibido.

A situação deve ficar mais complexa, já que desde agosto de 2014 o Ministério Público tenta fazer com que os agentes da CMTT assumam o atendimento a ocorrências de acidentes de trânsito sem vítima em Anápolis. Com isso, a PM, que hoje faz o serviço, poderia colocar seus homens para o policiamento ostensivo.

Uma solução seria a utilização das câmeras do videomonitoramento para multar motoristas infratores. O medo da punição talvez tivesse um efeito educativo. Esse tipo de fiscalização já é feita na cidade de Jataí, e é amparada por resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), publicada no meio do ano.

1,2 MIL MULTAS POR DIA

Em uma cidade com poucos agentes de trânsito, os aparelhos eletrônicos tentam conter os ânimos, mas números do ano passado mostram que nem sempre eles são respeitados. Levantamento do JE em 2014 mostrou que nos primeiros sete meses do ano, uma média de 1.267 multas diárias foi aplicada pelos equipamentos. Somente os chamados furões, as barreiras e radares eletrônicos registraram 267.428 infrações de janeiro a julho.

O maior registro de infração era por conta do excesso de velocidade. Foram flagrados 137.273 motoristas a uma velocidade de até 20% acima do permitido.

O número de carros flagrados avançando o sinal vermelho também é um alerta. Foram 53.034 registros em sete meses de 2014. Uma média superior a 250 por dia.

Outra infração grave e que apresentou números elevados em Anápolis foi a parada em cima da faixa de pedestre. Nos primeiros sete meses de 2014, 34.544 autuações foram feitas pela fiscalização eletrônica.

Além de educar e penalizar quem não cumpre as normas de trânsito, os equipamentos têm função inclusive de preservar pela vida. Pedestres e até os condutores se sentem mais seguros nos locais que possuem esse equipamento. Isso porque o motorista que sabe da existência desses dispositivos fica em alerta e evita ser multado, respeitando mais as normas.

 

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