“Meu papel é o de mediador para buscar investimentos”

Fábio Vilela 12,08,15 (8)

 

Fábio Vilela 12,08,15 (8)

 “A nossa intenção agora é trabalhar com as diretrizes repassadas pelo secretário de Segurança Pública, José Eliton, que é combater o crime contra a pessoa”, diz Vilela

 LUIZ EDUARDO ROSA E MARCOS VIEIRA

O delegado Fábio Vilela, que atualmente preside o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil de Goiás (Sindepol-GO), é o novo delegado geral de Anápolis, no lugar de Álvaro Cássio, que assumiu a direção geral da PC em Goiás. Fábio já tinha sido adjunto da 3ª Delegacia Regional da Polícia Civil (3ª DRPC), por isso considera sua ascensão com naturalidade. Ele promete dar continuidade ao trabalho iniciado pelo seu antecessor, seguindo as diretrizes atuais da Secretaria de Segurança Pública, que é o combate ao crime contra a pessoa. O trabalho em Anápolis envolverá outros eixos: combate ao tráfico de drogas e cada vez mais apertar o cerco em crimes contra o patrimônio. Fábio Vilela se propõe a cumprir o papel de mediador entre os anseios e demandas de investimento no trabalho de agentes e delegados. Nesta última semana, o novo delegado geral conversou com o Canal Anápolis (Canal 5 da Net) e Jornal Estado de Goiás. Leia a seguir os principais trechos da conversa.

 

Como foi receber o convite para assumir a Delegacia Regional em Anápolis?

Foi com muita responsabilidade e alegria, pois sabemos das dificuldades e particularidades da região. Tenho um conhecimento da região, pois já fui adjunto do titular delegado Álvaro Cássio. Agradeço muito a confiança em mim depositada, como também à toda equipe do delegado Álvaro, para dar continuidade ao trabalho. Vamos aperfeiçoar alguns pontos que ele já havia traçado como meta para sua gestão. Além disso, vamos ouvir mais a nossa comunidade, desempenhando uma gestão colaborativa.

 

O fato de o senhor presidir o Sindepol [Sindicato dos Delegados de Polícia de Goiás] lhe dá bagagem para desempenhar esse novo cargo?

A questão do nosso sindicato é mais complexa, pois é como se estivéssemos entre o patronal e o empregado, é como se lidássemos com as duas questões o tempo inteiro. Isso possibilita que nossa diretoria lá no sindicato possa alavancar diversos projetos em prol da instituição pública, sempre visando o bem comum. Isso faz com que tenhamos conhecimento de toda a estrutura da Polícia Civil, de todas as dificuldades e dos anseios. Ajuda de forma colaborativa a traçar novos rumos para nossa instituição. Neste sentido, eu acredito que isso também tenha pesado na escolha do meu nome. Encaro isto como natural, tendo em vista que anteriormente, antes de ser cedido à presidência do sindicato, eu já estava aqui como delegado adjunto. Eu vejo que tudo foi realmente um encaixe do tempo, muito na tranquilidade e na serenidade acabou acontecendo o que era previsível.

 

Nos últimos meses a população tem vivido um clima de grande insegurança. O que o senhor pode dizer em relação à tentativa de mudar esse quadro?

A nossa intenção agora é trabalhar com as diretrizes que foram repassadas pelo novo secretário de Segurança Pública, José Eliton, que é concentrar as nossas atividades nas investigações relacionadas aos crimes contra pessoa, principalmente contra a vida. Existe um planejamento específico para fortalecermos essa atividade de investigação aqui na Delegacia Regional, em particular no município de Anápolis. Obviamente isso envolve as investigações relacionadas aos crimes de tráfico de drogas de forma integrada aos outros tipos de crimes. Não deixaremos de dar importância ao combate aos crimes contra o patrimônio, inclusive esse tipo de crime vem exigindo tarefas cada vez mais difíceis, o que demanda cada vez mais investimentos. Ainda neste perfil, queremos realizar o combate ao crime contra o patrimônio público, que terá atenção especial da atual gestão da Delegacia Geral da Polícia Civil. Querendo ou não, são atividades criminosas que hoje acabam contribuindo com o aumento do índice estatístico de violência contra a pessoa.

 

E como a Delegacia Regional alcançará as metas?

Temos que investir. Meu papel será de mediador para buscar investimentos e ao mesmo tempo otimizar recursos humanos e material , tendo em vista a crise que passamos. O governo hoje deve realizar o concurso público da Polícia Civil e neste sentido, nossa delegacia tem que ser muito bem privilegiada. Queremos traçar um plano bem detalhado, recompondo e otimizando as nossas forças, para que nossa comunidade de Anápolis seja cada vez mais bem atendida.

 

Essa motivação da equipe é uma parte importante do trabalho de um delegado regional?

Exatamente. É algo que o delegado regional anterior, Álvaro Cássio, fez com perfeição e que pude aprender com ele no pouco tempo que estive ao seu lado dele como adjunto. Também não deixa de ser algo que também a gente aprendeu na lida sindical no dia a dia, motivando nossos colegas para alcançar nossos desejos e demandas. É algo que queremos trabalhar em nossa Delegacia Regional que compreende a responsabilidade de 30 municípios goianos e com inúmeros delegados sob nossa direção. Se eu puder ser um agente facilitador, se pudermos ser cada vez mais o que nossa sociedade, alcançaremos o que a nossa comunidade aguarda. Realizando isso, eu ficaria muito feliz e seria uma realização profissional, que fará parte da minha carreira.

 

O criminoso tem a sensação de impunidade, por isso cresce o índice de reincidência. Como lidar com isso?

O que temos visto é que o nível de eficiência de nossa força policial tem aumentado cada vez mais, estamos em um patamar de 80% de eficiência. Temos que mensurar esse índice com a efetividade na ponta, ou seja, o que foi feito de trabalho que além de uma acusação, gerou uma condenação. Para isso precisamos realmente de trabalhar de maneira integrada com a Polícia Militar e a Polícia Técnico-Científica, que em tese fundamenta e solidifica a atividade do Ministério Público. Com essa integração dá-se a certeza que o juiz precisa para poder condenar. Além disso, precisamos atuar como agente facilitador no sentido de promover um aumento quantitativo de vagas nos nossos presídios, para que as pessoas ao serem condenadas não saiam diretamente para o regime aberto, que praticamente não existe em Anápolis. Digo isso porque o preso é condenado e dependendo da pena dele já vai direto para o regime domiciliar. Percebemos que uma das soluções está subutilizada, que é a tornozeleira eletrônica, e neste sentido queremos empenhar no uso deste sistema. Precisamos que o presídio também corresponda a essa demanda com vagas, para que cada vez mais nossas prisões sejam mais céleres, quer sejam as preventivas como as condenatórias.

 

Percebemos nos últimos anos uma proximidade muito grande do tráfico de drogas com os homicídios. Como avalia essa associação?

Um papel que ainda não havia no Ministério da Justiça foi o de tentar identificar ações que desencadeiem a violência contra a pessoa. Neste trabalho percebemos que o índice é de 90% decorrente do uso e tráfico de drogas, porém nem sempre se tratava exclusivamente de dívida de drogas. A questão é mais complexa, envolve motivos como estado emocional do autor devido o uso da droga, as próprias dívidas e outras relativas à disputa pelo mercado dos entorpecentes. Como a Delegacia Regional está se empenhando no combate ao crime de tráfico, acaba por coibir parte destes homicídios, seja na relação direta ou causal da droga como motivo. Queremos ir além, integrando o combate a essas quadrilhas nas principais veias de subsistência, drogas e crimes contra o patrimônio. Quando fazemos uma apreensão de drogas, a quadrilha volta para o crime contra o patrimônio, tentando adquirir a droga no exterior ou em outros Estados. Neste cenário dá para atuar com inteligência combatendo estes focos.  

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