Home Editoriais Cidades Alta incidência de dengue não altera hábitos  

 

R. Marechal Gouveia-Jaiara (2)

No ranking anapolino dos setores com maior incidência de dengue, a Vila Jaiara é a campeã com 355 registros. Mesmo ocupando essa posição incomoda, o acumulo de lixo e entulhos é constato em boa parte do bairro

ANDRÉ FELIPE RIBEIRO

Até o dia 26 de março, Anápolis registrou 6.624 notificações de dengue, o que mostra que em 2016, o avanço da doença em relação ao mesmo período do ano passado foi de 365,4%. No ranking dos setores com maior incidência de dengue, a Vila Jaiara é a campeã, com 355 registros.

Apesar da posição incômoda, basta andar por alguns minutos na Jaiara para constatar que além do mato alto, os terrenos baldios estão repletos de lixo que podem acumular água e contribuir para proliferação do Aedes aegypti. A reportagem esteve na Jaiara na quarta-feira (6), e encontrou nos terrenos espalhados pela região todo tipo de entulho, como parachoque de carro, sofá, tambor, garrafas pet, tênis velho e vários sacos plásticos.

De acordo com o Boletim Epidemiológico da Semana 12 divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, já foram confirmados 977 casos da dengue em Anápolis, sendo dois casos graves e 12 com sinais de alarme. Sete mortes com possível causa a dengue estão sob investigação.

Segundo a gerente do Controle de Endemias, Érica Reis, por duas vezes os agentes de endemia percorreram toda a Vila Jaiara combatendo o foco do mosquito da dengue, mas ao se passar pelo setor logo depois, já foi possível avistar lixo jogado em locais inadequados. Com isso, basta uma chuva para favorecer o mosquito.

Mesmo com o alto índice de notificações na Jaiara, Érica Reis disse que não há um tratamento específico para o bairro. Isso não ocorre com nenhum ponto da cidade. “É preciso cuidado especial com todo o município”, explicou a profissional. “Como está tendo alta incidência em vários bairros, independente do grupo populacional, estamos tratando Anápolis igualmente”, completou.

Uma ação dias está sendo realizada em Anápolis. Agentes de endemia pretendem visitar todos os imóveis da cidade. A nossa proposta é fazer essas ações novamente, mas primeiro vamos ver o resultado dessa primeira e observar como estão as notificações. Se for necessário vamos voltar com mais mutirões”, frisou Érica.

Desrespeito

Érica Reis disse que a população tem atendido as notificações dos agentes para eliminar focos do mosquito da dengue, e listou os principais problemas encontrados quando se faz uma inspeção em um bairro da cidade. “O pessoal tem atendido as notificações, mas tem muito problema. Por exemplo, é difícil encontrar o proprietário de um terreno baldio. Além disso, falta de educação do morador é imensa. Há muita falta de respeito com a cidade e até mesmo com a própria casa”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectem anualmente com a dengue em mais de 100 países de todos os continentes, exceto a Europa. Cerca de 550 mil doentes necessitam de hospitalização e 20 mil morrem em consequência da doença.

 

Cai número de cidades com alto risco

Na última quinta-feira (7), o secretário estadual de Saúde, Leonardo Vilela, anunciou em entrevista coletiva o balanço da operação contra o Aedes aegypti em Goiás, que já atingiu a meta preconizada pelo Ministério da Saúde.

“Em janeiro tínhamos 106 municípios enquadrados como de alto risco de proliferação do mosquito. Terminamos março registrando apenas sete municípios nesta categoria”, disse o secretário.

Os imóveis vistoriados onde foram encontrados focos do mosquito passaram de 3,99% em janeiro para 0,67% na primeira semana de abril. “Com isso, conseguimos superar a meta do Ministério da Saúde que traçou para o mês de abril índice de 1% de infestação dos domicílios. Esperamos encerrar o mês com esse índice abaixo dos 0,5% de foco nos imóveis goianos”, alegou.

Sobre os sete municípios que despontam como de alto risco, Leonardo Vilela informou que eles se espalham em diversas regiões do Estado e que receberão atenção especial da força-tarefa goiana, somada aos trabalhos conjuntos desenvolvidos pelo comitê interestadual contra a dengue, instalado em Brasília. Outros 42 municípios ainda não vistoriaram metade dos imóveis.

O secretário afirma que a diminuição do número de focos do mosquito, a médio e longo prazo, deve resultar na redução do número de casos das doenças transmitidas pelo inseto. “Por enquanto os números das treze primeiras semanas de 2016 mostram que em Goiás o aumento do número de casos de dengue está bem abaixo da média nacional. Enquanto no Brasil esse aumento foi em mais de 56%, aqui foi de 15,81%”, compara Vilela.

Números

No período compreendido entre 3 de janeiro a 2 de abril, foram notificados 88.858 casos de dengue em Goiás, o que representa um aumento de 15,81% com relação ao mesmo período do ano passado. Até o momento cinco mortes foram confirmadas pelas complicações da doença e outras 43 estão sendo investigadas. Goiânia encabeça o ranking dos municípios com maior número de casos (36.702), seguida por Anápolis (8.050), Aparecida de Goiânia (6.983), Rio Verde (4.954) e Luziânia (3.821).

Goiás possui 121 casos notificados de microcefalia, no entanto nenhum deles foi confirmado como sendo proveniente do zica vírus. Do total, três estão sob investigação e nove já foram confirmados como sendo por infecções congênitas. Ao todo, 991 pessoas foram diagnosticadas com zica vírus e outras 117 contraíram chikungunya.

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