Home Editoriais Cidades Campanha Novembro Azul: um a cada quatro homens terá câncer no futuro

Projeção é alarmante e campanha serve para mostrar importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata

ANA CLARA ITAGIBA

Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em 2013 revelou que 44% dos homens nunca foram ao urologista e apenas 23% fazem exames anualmente. Esses dados preocupam, uma vez que doenças como câncer de próstata só podem ser diagnosticadas através de exames preventivos. Pensando nisso, o movimento Novembro Azul foi criado para tentar conscientizar o público a respeito de doenças masculinas, com ênfase na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata.

Segundo o urologista Luiz Claudio Resende, que também é diretor geral do Ânima Centro Hospitalar, atualmente existem pesquisas que afirmam que um a cada quatro homens terão câncer de próstata. “É lógico que não serão todos que são diagnosticados e não são todos que serão clinicamente visíveis. Há pessoas que vão morrer com câncer sem saber que possuem a doença”, disse.

O principal fator de risco para o câncer da próstata é a idade: quanto mais avançada, maior a chance de desenvolver a doença. “Só para você ter uma ideia, por exemplo, se for fazer necropsia em paciente com mais de 80 anos, a incidência é muito próxima de 99%”, afirmou o médico. Histórico familiar, dieta rica em gordura, sedentarismo, excesso de peso e fatores hormonais e ambientais também aumentam as chances de desenvolver a doença.

Mesmo que o indivíduo evite esses fatores de risco, a doença muitas vezes não pode ser evitada e por isso o importante é sempre estar atento aos sinais que o corpo pode dar e consultar um urologista anualmente. “A detecção precoce é fundamental, pois quando o problema é diagnosticado ainda na fase inicial, as chances de cura são muito altas, chega a quase 100%”, conta o urologista.

A fase inicial da doença é assintomática. Somente quando o câncer chega a um estágio mais avançado é que alguns sintomas começam a aparecer, como por exemplo: dificuldade em iniciar e manter um fluxo constante de urina, fluxo urinário fraco, micção excessiva durante a noite, micção frequente, retenção urinária ou vontade de urinar, incontinência, metáfise óssea, dor óssea, fratura e sangramento. “Não é como a mulher que acha um nódulo na mama e consegue identificar o problema. No homem não tem nada e é por isso que precisam fazer o exame periodicamente. Quando chega a um estado mais avançado, muitas vezes não há mais possibilidade de cura”, explica.

O urologista disse que o homem por natureza procura pouco o médico. Medo e falta de tempo são as principais desculpas. “A mulher é muito mais cuidadosa e isso é cultural, é do gênero. O homem é mais avesso as se cuidar”, admitiu.

De acordo com o médico, as mulheres possuem um papel muito importante nesse processo, pois ao cuidar da saúde elas acabam influenciando os seus parceiros. “Eu acho que isso é uma evolução natural da sociedade. Aos poucos os homens vão começando a se preocupar mais com a sua saúde”.

Campanha
O mês de novembro é internacionalmente dedicado às ações relacionadas ao câncer de próstata e à saúde do homem. O mês foi escolhido pois no dia 17 de novembro é comemorado o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata.

O câncer de próstata é o sexto tipo mais comum no mundo e o de maior incidência nos homens. As taxas da manifestação da doença são cerca de seis vezes maiores nos países desenvolvidos. Cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem em homens com mais de 65 anos. No Brasil, é a quarta causa de morte por câncer e corresponde a 6% do total de óbitos por este grupo.

MITOS E VERDADES SOBRE O CÂNCER DE PRÓSTATA

No Brasil, um homem morre a cada 38 minutos devido ao câncer de próstata, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer (13.772 casos/ano)doença representa 28,6% dos casos de câncer no homem, excetuando-se os tumores de pele não melanoma. Não é possível preveni-la, mas o diagnóstico precoce está relacionado com a diminuição da mortalidade. Para esclarecer as inúmeras dúvidas que cercam o tema, a Sociedade Brasileira de Urologia elencou alguns mitos e verdades. Confira:

O câncer de próstata é uma doença do idoso.
MITO. Apesar de o risco para a doença aumentar significativamente após os 50 anos, cerca de 40% dos casos são diagnosticados em homens abaixo desta idade. Entretanto, a doença é rara antes dos 40 anos.

PSA aumentado é sinal de que tenho câncer de próstata.
MITO. O antígeno prostático pode apresentar alterações em várias situações que não o câncer, como a hiperplasia benigna da próstata, prostatite (uma inflamação) e trauma. Por isso é importante a avaliação médica e o toque retal.

PSA baixo é sinal de que não tenho câncer de próstata.
MITO. Estima-se que o câncer de próstata está presente em 15% dos homens com níveis normais de PSA, daí a importância do toque retal.

Ter pai, irmão ou tio com a doença aumenta meu risco.
VERDADE. A hereditariedade é um dos principais fatores de risco para a doença. Um parente de primeiro grau com a doença duplica sua chance. Dois familiares com a doença aumentam essa chance em cinco vezes. Para quem tem casos na família, o recomendado pela Sociedade Brasileira de Urologia é procurar um urologista a partir dos 45 anos.

Todos os casos de câncer de próstata precisam de tratamento.
MITO. A indicação da melhor forma de tratamento vai depender de vários aspectos, como estado de saúde atual, estadiamento da doença e expectativa de vida. Em casos de tumores de baixa agressividade há a opção da vigilância ativa, na qual periodicamente se faz um monitoramento da evolução da doença intervindo se houver progressão da mesma.

O câncer de próstata sempre apresenta sintomas. Então posso esperar os sintomas para procurar o médico.
MITO. Em estágio inicial, quando as chances de curam beiram 90%, a doença não apresenta qualquer sintoma. Geralmente, os principais sintomas relacionados à próstata são devido a hiperplasia prostática, crescimento benigno da glândula, como jato urinário mais fraco, sensação de urgência miccional ou de esvaziamento incompleto da bexiga, entre outros.

Pessoas da raça negra têm maior risco de desenvolver a doença.
VERDADE. Estudos apontam que afrodescendentes têm risco 60% maior de desenvolver a doença e a taxa de mortalidade é três vezes mais alta.

A reposição hormonal em casos de Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM) afeta o câncer de próstata.
MITO. Estudos têm apontado que a terapia de reposição hormonal com testosterona não representa risco de desenvolvimento de câncer de próstata nos homens que recebem o hormônio. Nos homens que tenham sido tratados com sucesso de câncer de próstata a reposição hormonal poderá ser instituída após uma análise criteriosa dos riscos e benefícios. Homens portadores de câncer de próstata e que ainda não tenham sido tratados da doença não deverão receber terapia de reposição hormonal. Como regra, nunca se deve fazer uso de reposição de testosterona sem consultar seu médico.

O sedentarismo pode aumentar o risco para desenvolvimento do câncer de próstata.
VERDADE. O sedentarismo e a obesidade estão relacionados a alterações metabólicas que podem levar a alterações moleculares responsáveis pela gênese da neoplasia.

A atividade física regular tem um papel relevante na prevenção e no tratamento.
VERDADE. Essa prática saudável pode agir de modo protetor, e tem sido um fator modificável para o câncer de próstata por causa dos seus potenciais efeitos:
Fortalecimento imunológico
Prevenção da obesidade
Capacidade do exercício em modular os níveis hormonais
Redução do estresse

Fonte: portaldaurologia.org.br

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