Esgoto em córrego ainda é problema na região central

Vereadores estiveram na sede da Saneago essa semana, com o presidente da estatal; quanto à fiscalização, prefeitura afirma que é preciso que a população ajude fazendo as denúncias

LUIZ EDUARDO ROSA

O despejo de esgoto sem tratamento em córregos voltou a ser tema de discussão na Câmara Municipal de Anápolis nessa última semana. Depois de apresentar fotos e fazer alertas em relação ao problema na tribuna, o vereador Jerry Cabeleireiro (PSC) esteve com o presidente da Saneago, José Taveira, em Goiânia, para cobrar soluções. Acompanhou a visita o vereador Sargento Pereira Júnior (PSL).

Jerry falou não só da presença de esgoto sem tratamento nos cursos d’água, mas também de tubulações rompidas que inundam ruas de dejetos. Em algumas situações, o vereador chegou a denunciar o problema antes de acontecer, ao encontrar canos prestes a romper próximos a córregos.

A Saneago tem prometido ampliar a rede de esgoto da cidade, atingindo 90% dos domicílios. A estatal deve fechar a licitação para as obras em setembro, com previsão de início dos trabalhos em novembro. Serão necessários quatro anos para ampliação da rede. Essa informação foi confirmada pelo presidente da Saneago na visita do início da semana.

“Precisamos que os vereadores venham acompanhando passo a passo os encaminhamentos no setor e quando necessário nos consulte para obter as informações a respeito de cada caso em específico e não ficar aleatoriamente atribuindo sentido aos pontos que fotografam por entender serem críticos”, disse ao JE a gerente em Anápolis da Saneago, Tânia Valeriano, ao ser questionada sobre as demandas apresentadas por Jerry Cabeleireiro.

A soma de décadas com ocupações indevidas nas áreas de preservação permanente mantém atualmente a ameaça tanto aos córregos como também à qualidade da água consumida em toda a cidade. “Não recebemos denúncias, este é um problema que enfrentamos atualmente em relação às áreas de preservação dos córregos”, afirmou o diretor municipal de Licenciamento Ambiental, Marco Aurélio Bueno. A partir das margens de um córrego, é preciso manter 30 metros livres sem ocupação, para mata ciliar, a partir da borda do local de cheia com até 10 metros de largura.

A denúncia é a principal forma para que haja a intervenção do poder público, segundo a Diretoria de Licenciamento Ambiental, que mantém qualquer dado do denunciante em sigilo.

Cesários

O trecho do Córrego dos Cesários que corta a Rua Tonico de Pina e a Avenida Fayad Hanna, na região central de Anápolis, ilustra bem a ocupação de áreas de preservação ambiental. Não há respeito ao mínimo de 30 metros imposto pela legislação.

A área tem residências e imóveis comerciais que possuem fossas sépticas, contaminando o solo, ou então simplesmente tem seus encanamentos de esgoto apontados para o córrego, alguns ainda expelindo dejetos e outros desativados.

O profissional da área automotiva Marcelo Moura, 42, apontou a rotina de problemas devido ao esgoto lançado in natura no córrego. “O mau cheiro a todo hora pode surgir, independentemente do momento do dia”. Outro problema gerado no trecho é o descarte de objetos de toda a natureza no leito do córrego. São desde restos de construção civil até vasilhames comuns, além de pneus velhos. Com isso, casos de dengue são comuns na região.

Marcelo mora e trabalha na região há sete anos e para diz que o desrespeito vem acontecendo continuamente, seja por pessoas que só passam pelo local e descartam o lixo aleatoriamente até carroceiros que despejam entulho no local.

O trecho apresenta um retrato muito pitoresco da situação: de um lado a prefeitura fez a contenção de erosões com gabião; do outro lado do córrego uma obra feita pela Saneago manteve a margem e usou estacas para segurar uma tubulação antiga que fica 2 metros acima do córrego. O cano não é de esgoto, mas de água potável. Em outros pontos a estatal fechou tubulações de esgoto. Os muros e cercas dos quintais praticamente estão dentro do curso d’água.

Para o secretário municipal de Meio Ambiente, Céser Donisete, o problema se torna complexo porque a demanda é alta e falta de fiscalização, além de existir permissões indevidas dadas por gestões passadas. “Apesar de trabalharmos para conter a degradação das áreas de proteção ambiental, há pessoas que ocupam essas encostas há várias décadas”, afirma Céser.

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