Novembro Roxo: A visão dos prematuros em foco

novembro roxo

Especialista reforça a urgência do rastreio da ROP e explica as diferenças entre o Teste do Olhinho e a avaliação dos bebês prematuros

O Novembro Roxo, mês de conscientização sobre a prematuridade, também acende o alerta para a saúde ocular dos recém-nascidos. A retinopatia da prematuridade (ROP) é a principal causa evitável de cegueira infantil no Brasil, reforçando a importância do rastreio precoce e especializado.

Segundo o oftalmologista e especialista em retina Dr. Rômulo Piloni, “sem o exame de rastreio de ROP nos primeiros dias, os bebês podem ficar cegos”. O especialista alerta que o atendimento imediato por profissionais capacitados salva não apenas a visão, mas também a qualidade de vida desses pequenos pacientes.

Retinopatia da Prematuridade

A ROP é uma doença ocular que afeta bebês nascidos com menos de 32 – 34 semanas e/ou menores de 1.500 gramas. Ela surge quando os vasos da retina — ainda imaturos — crescem de forma descontrolada, podendo levar ao descolamento total da retina e à cegueira, se não tratada adequadamente. O risco aumenta quanto menor a idade gestacional e o peso do bebê, além de outras doenças associadas e o não ganho de peso.

Dr. Piloni explica que “a ROP só é identificada com exames de rastreio realizados por oftalmologistas treinados. Os protocolos exigem avaliações rotineiras durante as primeiras semanas de vida, e o acompanhamento deve continuar até a retina estar completamente vascularizada”. A triagem inicial geralmente ocorre por volta da 4ª semana de vida e deve seguir um cronograma rigoroso de reavaliações.

Teste do Olhinho x Rastreio de ROP

O Teste do Olhinho (ou teste do reflexo vermelho) é o pilar inicial na triagem ocular de todos os recém-nascidos. Ele deve ser realizado ainda na maternidade, conforme determina a Lei Estadual nº 15.045/2010, que obriga sua execução em todo o território goiano e pode ser realizado por por um pediatra. Em caso de dúvidas, será encaminhado a um oftalmologista, para detecção de opacidades, catarata congênita e glaucoma, pois alterações observadas no reflexo indicam necessidade de investigação mais detalhada.

No entanto, o rastreio da ROP é diferente do Teste do Olhinho. O primeiro é voltado especificamente aos bebês prematuros e precisa ser feito por um oftalmologista especialista em retina ou oftalmopediatria, com equipamento e técnica adequados. Dr. Piloni ressalta: “O Teste do Olhinho é a porta de entrada, mas não substitui a oftalmoscopia binocular indireta. O bebê prematuro exige avaliação específica, não é todo oftalmologista que realiza esse exame”.

Unidades de referência, como a Maternidade Santa Mônica (AL), mostram que o acompanhamento especializado identifica até 70% dos casos graves de ROP nas primeiras avaliações. Campanhas do Novembro Roxo vêm estimulando projetos de lei municipais para garantir que todos os prematuros tenham acesso ao rastreio especializado. “Seria uma excelente iniciativa se os vereadores de Anápolis aprovassem uma lei que tornasse obrigatório o exame oftalmológico especializado nos recém-nascidos, especialmente nos prematuros”, complementa Dr. Piloni, salvando a visão de muitos pequenos.

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