Assembleia do Sindicato Rural de Anápolis aprova contas

Transparência é exaltada em plenário, mas reunião exclui imprensa
A assembleia geral do Sindicato Rural de Anápolis foi convocada também para aprovar as contas de 2023 e 2024, em meio a rumores de supostos desvios de recursos e de resultados de uma auditoria independente que teriam apontado irregularidades. Apesar do clima oficialmente descrito como tranquilo, a condução do encontro gerou estranhamento em jornalistas que acompanharam a chegada dos associados.
Além de não terem tido acesso às discussões, que tradicionalmente são abertas ao público, os repórteres ouviram a versão oficial não do presidente da entidade, Ubirajara Carneiro, mas do assessor jurídico do sindicato, o advogado Leonardo Guiote Filho. Durante a entrevista, ele reforçou a ideia de que a transparência é um valor inegociável na gestão e negou que as contas tenham revelado qualquer dano financeiro ao sindicato.
Reunião sigilosa
O caráter reservado da assembleia destoou da prática habitual de reuniões abertas, o que chamou a atenção dos profissionais de imprensa presentes. A exclusão dos jornalistas ocorreu justamente no encontro que, segundo rumores que circularam entre produtores rurais e lideranças da região, poderia tratar de supostos desvios de recursos identificados por uma auditoria independente. Falava-se também que a demora na apresentação dos balanços de 2023 e 2024 estaria ligada a tentativas internas de resolver o problema antes da exposição pública.
Ao comentar o resultado, porém, o advogado do sindicato afirmou que o relatório foi analisado pelos associados e que os números não indicariam prejuízos à instituição. “Então a contabilidade juntamente com a auditoria analisou as prestações de contas relacionadas a 2023 e 2024. Nós a princípio colocamos essa questão pra todos os membros analisarem”, disse Leonardo Guiote Filho. Segundo ele, a conclusão apresentada aos participantes foi de que “os números demonstram que a princípio não houve nenhum dano ao sindicato”.
Ressalvas e promessa de boas práticas
Na entrevista, Leonardo classificou a assembleia como “bastante tranquila” e informou que, além da aprovação das contas de 2023 e 2024, foram apresentadas demonstrações contábeis de 2025 e a previsão orçamentária para 2026. Ele destacou que a prestação de contas foi aprovada com ressalvas, por conta de recibos, dados no lugar de notas fiscais, o que não constitui instrumento contábil legal. Mas declarou que o Sindicato se comprometeu a dar ênfase no compromisso com boas práticas de administração e maior rigor na transparência.
Questionado sobre possíveis gastos não justificados, divergências contábeis e a existência de eventuais desvios, o assessor jurídico insistiu que o processo seguiu critérios técnicos e que as dúvidas foram sanadas perante os associados. “É algo inegociável aqui pro sindicato a questão da transparência”, afirmou. Ele também mencionou que a prestação de contas das emendas parlamentares destinadas à Expoana 2025 foi feita na mesma semana de encerramento do evento e que não haveria problemas quanto à legalidade desses recursos.
Para reforçar o discurso de regularidade, Leonardo citou ainda a parceria com o sistema Faeg-Senar na orientação sobre práticas fiscais e administrativas. “As orientações já foram feitas, sempre foram feitas e continuam sendo feitas também em consonância com a nossa assessoria jurídica e contabilidade”, declarou. Apesar das explicações, a combinação de rumores prévios, reunião fechada e ausência do presidente na entrevista final manteve no ar questionamentos que a própria assembleia, realizada a portas fechadas, não permitiu à imprensa acompanhar em detalhes.
