Home Editoriais Cidades Mãe e filhas restauram bonecas e doam para crianças carentes

Idelma de Oliveira Santos e as filhas são responsáveis pelo trabalho, que já restaurou mais de 500 bonecas

ANNA FLÁVIA LOPES
Especial para o JE

O ateliê Pedaços de Amor, em Anápolis, se dedica à recuperação de bonecas danificadas para venda e doação para crianças carentes. Idelma de Oliveira Santos e as filhas são responsáveis pelo trabalho, que já restaurou mais de 500 bonecas.

Desde criança, Idelma gosta de trabalhar com bonecas. Com dez anos já fazia modelos de pano. A partir da encomenda de uma amiga de infância, que levou uma boneca antiga para ser restaurada, ela colocou em prática o dom que exerceria por toda a vida.

O trabalho envolve toda a família, Ludmilla e Yasmine, filhas de Idelma, também ajudam no conserto das bonecas, cada uma colaborando de uma forma. Os brinquedos chegam até elas quebrados e desbotados, então é necessário fazer o enchimento do corpo, além de pintura, vestimenta e outros detalhes. Ludmilla monta as bonecas e também costura. Já Yasmine cuida dos cabelos – ela desenvolveu uma técnica cuidar deles. Também é a responsável pelos sapatos.

Custo
Em média o custo das bonecas é entre R$ 50 e R$ 200, dependendo do tamanho, do estado de conservação, do material que será utilizado e da roupa que ela vai usar. Geralmente as perucas são feitas com cabelo sintético e os vestidos com renda guipure ou renda francesa, com diferentes tipos bordados como ponto russo e sinhaninha.

Para as bonecas que são doadas, o investimento é feito pela própria família. O dinheiro ganho com a venda das bonecas mais elaboradas é reinvestido na compra de material.

Voluntariado
Além das bonecas feitas sob encomenda, Ludmilla desenvolveu um trabalho voluntário que já doou bonecas para várias entidades, de Anápolis, de Goiás, do Brasil e até de outros países. Em Anápolis, já foram feitas doações para orfanatos, creches e bairros carentes. Foram mais de 100 bonecas doadas só no final do ano passado.

Entre as doações que elas destacam estão 120 bonecas enviadas para o norte de Goiás, em colaboração com uma senhora que realiza esse trabalho. Já 100 bonecas foram enviadas para o Jalapão, no Tocantins, em novembro do ano passado. Além disso, foram enviadas bonecas para a África, Itália e Haiti, sempre em parceria com igrejas da cidade.

Segundo Ludmilla, elas mandaram 30 bonecas para as crianças refugiadas na África, pelo correio, em colaboração com uma pedagoga que queria fazer um trabalho com as bonecas negras, pois segundo ela as próprias crianças têm preconceito com a cor de seus brinquedos.

Ludmilla relata uma experiência emocionante que teve há cerca de 20 dias, quando foi distribuir bonecas no Conjunto Filostro Machado e parou em uma casa de papelão. Ela entregou uma boneca para uma menina de provavelmente 10 anos de idade que nunca havia ganhado um brinquedo do tipo. Segundo Ludmilla, a mãe da criança se emocionou e disse que no Natal a filha queria uma boneca, mas ela não tinha condições de comprar e que ganhá-la era o grande sonho da vida da menina.

“Aquilo pra mim valeu todas as 500 ou 600 bonecas que a gente já fez. Aquela ali valeu tudo, foi a experiência mais gratificante que eu passei”, conta Ludmilla.

Idelma diz que ama a arte de uma forma geral, sendo que também é pintora, trabalha com argila e madeira, além de bordar, fazer crochê, tricô, tocar violão, cantar e cozinhar. Ela se define como autodidata e desenvolve o trabalho com as bonecas com facilidade. Segundo ela, é gratificante e prazeroso ver o resultado, pois se trata também de arte. “É renovador. Renova as suas energias quando você recupera alguma coisa que já estava perdida e isso dá uma alegria tão grande, e um incentivo maior ainda”, diz ela.

Mãe e filhas se envolvem completamente no trabalho e, quando necessário, trabalham até muito tarde. Idelma afirma que elas já chegaram a trabalhar na restauração das bonecas por 14 horas seguidas. Todos os detalhes são feitos por elas, desde o vestido, até os adornos que enfeitam o cabelo e as roupas das bonecas.

Segundo as mulheres, a divulgação seria a principal forma de fazer o trabalho crescer, por meio de colaborações que poderiam acontecer com a reunião de mais pessoas em torno do projeto, como doação de materiais e outros recursos, que podem ajudar a aperfeiçoar o trabalho.

Além do contato que pode ser feito por meio do celular (99988-1524), em breve o ateliê terá uma página nas redes sociais. (Anna Flávia Lopes faz parte de convênio de estágio com a PUC-GO)

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