Home Editoriais Economia Anápolis se articula para sediar polo da indústria de defesa

Presidente da Acia, Anastacios Apostolos Dagios, afirma que união de esforços entre políticos e classe empresarial pode garantir um novo salto no desenvolvimento da cidade de Anápolis

MARCOS VIEIRA

Em 2015, a Acia teve conhecimento que pela perspectiva da Escola Superior de Guerra, Anápolis reunia condições favoráveis para sediar um Polo da Base Industrial de Defesa, ou seja, um conjunto de empresas fabricantes de armas, munições, veículos blindados, aeronaves, vestimentas para militares, alimentação, dentre outros itens. Desde então, a Associação Comercial e Industrial de Anápolis vem atuando fortemente para conquistar esse polo. Nessa semana, os empresários estiveram com o ministro da Defesa, Raul Jungmann, juntamente com o governador Marconi Perillo (PSDB) e o prefeito Roberto Naves (PTB), para ouvir a opinião sobre a possibilidade de Anápolis sediar essas indústrias. Saíram otimistas, como conta na entrevista a seguir o presidente da Acia, Anastacios Apostolos Dagios.

Podemos ficar otimistas em relação à criação do Polo de Defesa?
Estamos ficando cada vez mais otimistas. É um projeto de quase dois anos e a cada nova etapa ficamos mais confiantes. Ontem [10/10] estivemos com o ministro da Defesa [Raul Jungmann] e eu considero duas coisas importantes exemplificadas nesse encontro. Primeiro a união da cidade. Nós demonstramos lá em Brasília a união de Anápolis em torno dessa ideia. Temos o governador, o prefeito da cidade, o ex-prefeito, dois deputados federais, diretores da Acia, imprensa… Então mostramos uma união e considero isso importante. Segundo: o ministro comunicou que a Sudeco, que é a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste, vai ter uma linha específica de crédito para as empresas de Defesa que queiram se instalar em Anápolis. Olha só: se já estamos oferecendo as vantagens da cidade, mais incentivos fiscais do Estado, agora é a União que está dando um suporte. Outra coisa que o ministro anunciou: uma linha de crédito especial do BNDES para a mesma finalidade. Então estamos muito otimistas. Já temos agendado para a semana que vem uma reunião em Brasília com o superintendente executivo do Ministério da Defesa para a gente se aprofundar mais sobre essa questão de Sudeco e BNDES. Vamos tentar entender melhor essa linha para divulgar mais. Mas o importante é que cada reunião que fazemos trazemos uma novidade, uma esperança maior.

Então as forças políticas estão envolvidas nesse projeto?
Sim. O governador ontem que fez o discurso inicial. Ele encampou a nossa ideia. Estivemos com ele há menos de um mês e ele nos deu apoio político e nos deu uma verba para ajudar nessa divulgação. E esteve essa semana em Brasília conosco. A coisa está encaminhando cada vez mais.

O que representa esse polo para Anápolis?
Eu costumo comparar ele ao Daia. Na década de 1970 tínhamos um comerciante aqui que era presidente da Acia, o senhor Sultan Falluh, que foi a Brasília, esteve com o presidente Ernesto Geisel e ninguém dava a mínima para esse tal de distrito agroindustrial. Hoje temos o resultado. A gente considera um projeto de médio a longo prazo que seria um salto de qualidade para a cidade tal qual foi o Daia. Se a gente atrair esse tipo de empresa para cá, que são de inovação e tecnologia, vamos dar um salto de qualidade. Isso foi dito pelo ministro a nós. Vamos ter a montagem aqui de 31 caças suecos, pois cinco virão prontos. Olha o salto de qualidade. A Embaixada da Suécia fez um seminário aqui há dez dias. Eles não estão vindo de graça. Eles estão vendo a potencialidade do município. Então a chegada desses caças, mais o projeto do governo federal de centralizar um polo de fornecimento de insumos para defesa faz com que enxerguemos um futuro brilhante para Anápolis, se isso se concretizar.

O polo então inclui a chegada de tecnologia e conhecimento para a cidade?
Já estão falando pela segunda vez em trazer um curso do ITA. Olha só onde estamos chegando. Isso foi dito ontem pelo ministro. Entre os conselhos que ele deu para nós, porque não trazemos um curso do ITA de engenharia aeronáutica. Já temos um, da Unievangélica, mas por que não trazer um do ITA? Olha o salto de qualidade que estamos projetando. Dentro os passos que estamos dando, há vários projetados. Temos uma visita ao embaixador da Suécia em Brasília, visita ao comandante da Defesa que cuida da parte econômica para a gente aprender um pouco sobre Sudeco e BNDES, uma apresentação desse projeto para as industrias de Defesa na Fiesp, em São Paulo – fomos convidados e o governador será nosso palestrante – e vamos culminar com um grande evento aqui, dia 26 de fevereiro, é uma data já pré-agendada, quando teremos um seminário de três dias com exposição de insumos. Porque quando falamos de Defesa, não se trata só de tanques e aviões. Temos botas, uniformes e tudo que é fornecido para o setor. É uma cadeia que a indústria fornece. E ela estando localizada em Anápolis, para o Ministério da Defesa é mais barato, pois para enviar um equipamento para o nordeste ou sul, a distância é a mesma. Nesse seminário teremos como palestrante o ministro da Defesa, ele confirmou que vem. A cada passo vamos ficando cada vez mais otimistas.

Já fez projeção sobre geração de emprego?
Nós temos alguns estudos, mas é muito cedo para falar nisso. São 220 empresas hoje que compõem os fornecedores do Ministério da Defesa. Desde a barrinha de chocolate até a pastilha de urânio. Elas representam 6% do PIB nacional. Se tirar Previdência Social, Educação e Saúde, é o quarto maior orçamento. Ministério da Defesa emprega 730 mil pessoas.

Temos áreas para essas indústrias?
Tivemos uma reunião com o governador e a gente disse que nenhuma cidade do Brasil reúne todas as condições juntas como Anápolis. E que essa questão do distrito é uma questão de honra. Ficou prometido hoje que vamos ter uma reunião essa semana. Eles tinham doado o Daia 2 para o prefeito e dissemos ao governador que não fica pronto no tempo que queremos. Ele prometeu fazer um estudo essa semana para esse Daia ser feito pela Codego. Estamos pressionando o governador, a planta do Daia 2 está conosco então a curto prazo temos um novo distrito naquela área que foi desapropriada de 12 alqueires, já tem a verba para a infraestrutura. Se ficar nesse joga-joga com a prefeitura a gente tem medo que não saia a tempo. Vou repetir: a conversa que tivemos hoje é que volte o projeto original e a Codego que faça a infraestrutura e já estamos com a planta aqui na Acia. E temos a promessa do Daia 3, que é uma promessa de médio a longo prazo. Mas não estamos preocupados com isso. Na hora que aparecer uma indústria nós vamos lá no governador, vamos lá no prefeito. Vamos correr atrás.

Tem indústria interessada?
Quando o embaixador da Suécia esteve aqui na semana passada, todos sabiam que estivemos em São Paulo apresentando esse projeto do polo na Associação Brasileira da Indústria da Defesa. Isso está circulando no meio. Além das condições da nossa cidade, estamos falando em incentivo fiscal, incentivo federal, mão de obra mais barata no sul e sudeste. Está todo mundo de olha na gente.

Comitiva mostra união de forças

FERNANDA MORAIS

Uma comitiva liderada pelo governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PTB), foi recebida pelo ministro da Defesa do Brasil, Raul Jungmann, em Brasília. O objetivo do encontro foi apresentar as potencialidades da cidade que é candidata a receber o maior polo de defesa e da indústria bélica do Brasil.

Além do governador e do prefeito, participaram da conversa os deputados federais Alexandre Baldy (PODE) e Jovair Arantes (PTB), o deputado estadual Carlos Antônio (PSDB), o secretário extraordinário para Assuntos Habitacionais, João Gomes (PP), o secretário estadual de Desenvolvimento (SED), Francisco Pontes e o presidente da Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia), Anastacios Apostolos Dagios.

“Oferecemos todas as vantagens comparativas e competitivas de Anápolis ao ministro. Mostramos que estamos concluindo o segundo principal aeroporto de cargas do Brasil, que a cidade tem um porto seco, já é polo de indústrias farmacêuticas, polo universitário, tem uma malha rodoviária estratégica, enfim, tudo que o município apresenta do ponto de vista de logística, infraestrutura e potencial para o Brasil’, disse Marconi Perillo.

O governador contou que a proposta da comitiva foi recebida com boa vontade por Raul Jungmann. O tucano detalhou que durante o encontro foi exibido um vídeo produzido por representantes da prefeitura e da Acia ilustrando as vantagens competitivas do município. “O vídeo falou por si só. O fato é que vamos ter a principal base aérea do Brasil que vai receber 36 novos caças suecos Gripen e temos vários motivos para acreditar que esse projeto se concretizará em Anápolis”, considerou Marconi.

O prefeito Roberto Naves destacou que o encontro serviu para mostrar que a cidade está à disposição do Ministério da Defesa e que se houver demanda de grandes grupos empresariais, com foco maior no segmento da defesa, Anápolis está pronta para recebê-los. “Fomos também buscar apoio para a realização de um seminário relacionado a indústria bélica. Isso para ser organizado o quanto antes com objetivo de atrair e consolidar a vinda dessas empresas para a cidade”, acrescentou o petebista.

Roberto lembrou ainda que recentemente embaixadores da Suécia estiveram no município, além disso, o prefeito pontuou que outras embaixadas já notaram o potencial de crescimento de Anápolis que é considerada como uma das cidades mais promissoras do Brasil na próxima década. “A base de montagem dos caças da Suécia será em Anápolis. Existe hoje uma visibilidade de intercâmbio empresarial muito grande na cidade”, completou.

Já Carlos Antônio disse que a união das autoridades municipais, estaduais e federais, ganha força para consolidar toda essa estratégia para o município. O deputado estadual afirmou que é preciso montar um cronograma de trabalho para que o novo projeto industrial se consolide. “O seminário será importante, o ministro Jungmann deu atenção para cidade e mostrou os caminhos que devem ser seguidos para concretização da proposta. Quem sabe em três anos esse polo de defesa se torne realidade”, finalizou. (Com reportagem de Lucivan Machado)

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